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A estrada verde do novo ano

 

Acabei o ano de 2004 com a terrível morte de minha esposa, depois do sofrimento de anos. Foi o período triste de minha vida. Entrei no ano de 2005 sem esperança, mas reconheço que o ser humano não é somente aquele que ri, aquele que vive de ilusão. Como cantou o poeta, "só a leve esperança em toda a vida disfarça a pena de viver, de mais nada".


Vamos na vida levados pela ilusão de que não seja ela uma esperança malograda, pois os mortais conseguem o que querem. Sedamos, porém, nossa mitologia íntima e façamos reverdecer em nós a esperança que anima a vida.


Aproveitando a atmosfera sentimental carregada de desejos, sejam sinceros, sejam absurdos, sejam viáveis, interessa ao ser humano que tem ilusões nesta época que se abra um novo ciclo que anime o seu cotidiano.


Como acentuou uma reportagem em nosso jornal, voltou a moda dos cartões de fim de ano, com os quais visitamos os amigos próximos e distantes com votos de felicidades para o ano que se inicia.


O tempo, esse mistério que tudo abate em sua carreira, um dos problemas magnos da Filosofia, vai responder para nós se devemos crer na esperança ou se essa virtude divina pode também nos desenganar.


Seja como for, se as ilusões vierem bailar à nossa frente, como no soneto do Padre Poeta, seja no entretenimento de nossos devaneios, importa é que tenhamos confiança em Deus e em sua infinita misericórdia; na punição ou absolvição dos pecados que as incertezas da vida nos cumulam e dos quais temos que dar conta ao Senhor.


Enfim, sejamos como todo mundo, otimistas, nesta véspera de Ano Novo, e desejemos a todos os conhecidos e desconhecidos uma estrada verde, que é a cor da esperança.




Diário do Comércio (São Paulo) 30/12/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 30/12/2005