Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Esse Okamotto

Esse Okamotto

 

É sabido que os orientais são dotados de paciência invencível e que atrás de cada sorriso pode sempre ter uma recusa inabalável. Sempre os tive como pacientes sem medida, isto para homens e mulheres. São mestres da paciência e com ela enfrentam o mundo. Um dos melhores exemplos japoneses está na educação e no desenvolvimento econômico, com sua ofensiva pelo mercado dos automóveis nos EUA.


Vêm essas considerações a propósito deste misterioso, para mim, Paulo Okamoto, que figura nos desdobramentos da CPI que apura a arquitetura dos escândalos que estão maculando há tempos a política brasileira. Esse Okamoto, lendo reportagens, é o protótipo dos japoneses que se dedicam ao próximo de sua estima. Pagou despesas de políticos de nome, como as do presidente Lula, pagou em diversas ocasiões e ninguém sabe com certeza a razão de seu gesto.


Tudo pode ser claro e tudo pode ser obscuro. Com isso, Paulo Okamoto erigiu-se em mistério oriental, que, ou muito me engane, não poderá ser decifrado. Okamoto continuará a ser como a literatura e o cinema já mostraram sobre japoneses, chineses e outras etnias. Não são de fácil conhecimento em sua psicologia, tradicional há milênios.


Daí a questão: por que a ajuda perfeitamente pública de Okamoto aos políticos dos diversos partidos focalizados pelo inquérito? Que benefício tiraria ele de seus favores sem serem pedidos pela parte interessada? Não seria do Sebrae, que é uma instituição de apoio à pequena e média empresa; outro mistério, portanto.


Não pretendo ser um investigador policial da galeria de Conan Doyle ou P. G. James. De resto, não penso em decifrar nada, pois admiro seres humanos de psicologia complexa, como parece ser esse Okamoto.


Estas são as considerações que entendi fazer sobre personagem tão falado, ou como se dizia antigamente "na berlinda", esse Okamoto.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 21/03/2006

Diário do Comércio (São Paulo), 21/03/2006