Nossa educação é cheia de altos e baixos. Mais baixos do que altos. Agora mesmo, descobre-se que muitas escolas de ensino fundamental, especialmente no interior, simplesmente não funcionam, embora estejam cadastradas como em plena operação. E tantas outras trabalham em circunstâncias precaríssimas. É assim que vamos melhorar a qualidade do ensino?
A alegria da presidência da República está concentrada no ensino técnico. No dia mesmo em que se comemorava, em Belém do Pará, a inscrição de mais de 6,8 milhões de alunos no Pronatec, tivemos o ensejo de conversar, no Rio de Janeiro, com o professor Luiz Cláudio Costa, secretário-executivo do MEC, que viera prestigiar a entrega do título do Educador do Ano ao professor Geraldo Amintas, de Minas Gerais. Foi numa solenidade realizada pela Academia Brasileira de Educação, presidida pelo professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira.
Na mesma ocasião, do papo fez parte uma figura mítica da educação brasileira, o professor Roberto Boclin, que durante 20 anos presidiu o Senai/Rio de Janeiro. Ele recordou a importância de uma Deliberação do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, na década de 80, quando foram criados os cursos pós-secundários, de início numa parceria da Escola Estadual Henrique Lage e da empresa Verolme, que contratou os primeiros 24 profissionais dentro do novo modelo.
Segundo o professor Boclin, o Senai soube se aproveitar da inovação e criou 20 cursos que estão em funcionamento até hoje. Segundo sua expressão, “agora que o Pronatec é uma realidade, prestigiada pelo governo, devemos aproveitar todos esses elementos para valorizar a educação técnica e chegar ao final do ano, quem sabe, com 10 milhões de alunos. Existe essa clara possibilidade.”
Isto sem se falar nas imensas potencialidades da Qualificação Profissional, onde cabem os mais variados cursos, com cargas horárias diversificadas, para atender às grandes necessidades do nosso mercado de trabalho. Até a Nuvem de Livros está organizando esses cursos, a serem dados via web, em todo o Brasil. Terá a parceria, na distribuição dos certificados, do prestigiado CIEE/RJ, que comemora 50 anos de existência.
O Pronatec já existe em 3,8 mil municípios brasileiros, com uma perspectiva de chegar rapidamente a 4,2 municípios. Tem uma característica marcante: os seus alunos são basicamente de renda baixa e na faixa etária de 14 a 29 anos de idade, com predomínio na região Sudeste. É uma política pública que está dando certo, contando com o apoio de Estados e Municípios, seguindo uma inteligente estratégia de marketing do Palácio do Planalto. Pode-se afirmar que é a maior reforma da educação profissional já feita em nosso país e isso nos enche de alegria. Resta, apenas, cuidar para que a qualidade da parceria público-privada esteja à altura das necessidades nacionais.
Jornal do Commercio (RJ), 16/5/2014