Quem acompanha a história econômica e política do Brasil dos últimos 50 ou 60 anos sabe que o Banco do Brasil tem tido uma participação importante nas crises políticas de vários governos republicanos. Em uma delas, levou Getúlio Vargas ao suicídio e exumou para a opinião pública os bastidores de uma trama político-partidária-institucional que envolveu toda a vida pública brasileira numa crise que até hoje ainda tem repercussões. Isto porque o Banco do Brasil foi em vários governos, desde o último até o menos recente, o grande estabelecimento bancário de apoio à economia nacional e foi usado para fins insatisfatoriamente condenados.
Os adeptos ao liberalismo econômico, político e social sempre defenderam para as instituições financeiras do país uma posição distante da política partidária, que é apaixonante e passionalmente perigosa em situações de extrema insegurança institucional.
Vemos agora que o Banco do Brasil também foi arrastado para a crise política na qual a nação está mergulhada. Deveria ter sido evitada, e não foi de todo, a participação do Banco do Brasil nos episódios que estão descarnando uma situação extremamente insatisfatória da vida pública brasileira.
O Banco do Brasil deveria ser poupado das crises políticas, para se conservar exclusivamente no apoio econômico das atividades de produção, de consumo e da circulação da riqueza.
O passado histórico da grande instituição financeira, fundada para apoiar a atividade econômica, vem sendo complicado pela interferência partidária em interesses técnicos, que devem ficar imunes aos interesses políticos.
É o que nos cabe dizer sobre a presença do Banco do Brasil na crise política que a Nação está passando.
Diário do Comércio (São Paulo) 09/11/2005