A presença do embaixador Jerônimo Moscardo na presidência da Fundação Alexandre de Gusmão está levando ao povo um conhecimento maior de nossa história e de nossa cultura, numa continuação de seu trabalho desde que foi Ministro da Cultura do governo Itamar Franco. Embaixador na Romênia, ali desenvolveu uma atividade incessante no setor: fundou uma biblioteca brasileira, ligada à própria universidade local, promoveu a tradução de inúmeros livros brasileiros inclusive uma, de Gilberto Freire, nos 50 anos do lançamento de "Casa Grande e Senzala" no Brasil.
Lá esteve o autor destas linhas, a seu convite, para fazer uma conferência na universidade sobre o livro famoso. Depois, embaixador na Bélgica, ali mostrou o mesmo ritmo de atividade. Colocado agora na presidência da Fundação Alexandre de Gusmão, nela tem mantido um impressionante programa de debates sobre problemas internacionais do Brasil, com a presença de centenas de especialistas dos diversos problemas que estamos enfrentando no âmbito das relações com o resto do mundo.
Agora resolveu lançar sob o título de Biblioteca do Cidadão, uma série chamada "O livro na rua", em que, no começo, em textos curtos trata de aspectos da "Diplomacia ao alcance de todos". Os primeiros títulos foram dedicados a Alexandre de Gusmão, ao Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Gilberto Amado, Augusto Frederico Schmidt e Afonso Arinos.
O lançamento da coleção ocorreu na Feira de São Cristóvão, juntamente com a apresentação de cordéis, feitos sobre figuras de história do Brasil e, ao mesmo tempo, sobre pessoas presentes, numa tradição cordelista que transformou o local, principalmente nos fins-de-semana, num centro alegre de improvisações que duram até a madrugada.
No caso de Alexandre de Gusmão, foi também apresentado um cordel sobre sua vida e sua importância no tamanho que o Brasil tem hoje. O autor desse cordel, Crispiniano Neto, é poeta popular e jornalista, já publicou onze livros, um CD e mais de 120 folhetos. O cordel que apresentou na festa de lançamento aqui revelada tem o título de "Alexandre de Gusmão, gênio e herói brasileiro" e narra o trabalho do homenageado para levar o território brasileiro às dimensões de hoje.
Na tradição milenar, de o poeta pedir a inspiração à Musa, assim começa Crispiniano Neto seu cordel:
"Musa divina que inspira
Poetas do mundo inteiro,
Traz-me os fluidos do Parnaso
E o saber mais verdadeiro
Para que eu decante à nação
Alexandre de Gusmão,
Um grande herói brasileiro."
Em seguida o heroísmo de Alexandre, que não é de espada nem de aço, não é filho de deus grego nem valentão do cangaço. Pede calma ao leitor e diz que o herói não entrou em bangue-bangue e nem brigou em guerras, derramou sangue, ele simplesmente fez crescer o Brasil sem jamais derramar sangue. Cita o irmão de Alexandre, Bartolomeu de Gusmão, chamado o padre-voador, que antecipou Santos Dumont no seu desejo de voar.
O cordelista narra a perseguição do Marquês de Pombal, que levou o nosso herói Alexandre, a morrer na pobreza. Alexandre de Gusmão foi o principal artífice e negociador do Tratado de Madri (1750), que legou ao Brasil o primeiro esboço das fronteiras que hoje conhecemos e que tornaram nosso País com o aspecto de agora.
Os versos finais do cordel de Crispiniano são estes:
"A História lhe roubou
As glórias que merecia
Por isto, eu faço justiça
Nesta humilde poesia
A Alexandre de Gusmão
Gênio da paz, campeão
Da luz da diplomacia".
As edições da série "O livro na rua" deverão continuar, com a história das figuras que precisam ser lembrado pelos brasileiros de 2008.
Tribuna da Imprensa (RJ) 29/4/2008