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A crise na VASP

 

Para completar o quadro de crises em que se debate a aviação civil, temos o caso da Vasp, impedida pelo Infraero de decolar, enquanto não efetuar o pagamento do que lhe deve; o pedido de falência da GE e as demissões de pessoal, contra a qual se mobilizou o sindicato da categoria. Evidentemente vai se procurar um entendimento, mas dificilmente a empresa escapará de sanções ou de um colapso, exatamente a empresa que tem as iniciais de São Paulo.


O caso Vasp vem de longe. Um dia, há alguns anos, os jornais publicaram que um certo Wagner Canhedo, empresário do ramo de transportes, que havia começado com algumas carroças puxadas por burros e havia passado aos caminhões, comprara por, se bem me lembro, 40 ou 50 milhões de dólares. O negócio havia sido entabolado com o governador Quércia. O comprador era totalmente desconhecido nos meios financeiros de São Paulo, e a compra pareceu a muitos suspeitíssima.


A aviação civil não é ramo para amadores, mas para profissionais. Provam-no os Estados Unidos, quando a empresa dirigida por Juan Trippe e por ele comandada durante anos sempre muito prospera, tombara na falência, por estarem à sua frente amadores do ramo. Aqui não poderia ser diferente. Segundo os grandes homens do negócio, essa é a regra, onde as exceções são mínimas. Wagner Canhedo não conhecia a aviação civil, senão como passageiro dos aviões que exploram o ramo no Brasil.


O resultado aí está. Não vejo, como jornalista, habituado aos acontecimentos, como Wagner Canhedo vai sair dessa. Se não aparecer um comprador com os necessários conhecimentos, o que é ave rara, a Vasp desaparece, e se vai o florão de São Paulo, desde o inicio da década de 30. Não arrisco nenhum prognóstico. Em aviação sou apenas viajante, o que fiz, durante anos, com muita assiduidade. Hoje, por vários motivos, estou menos entusiasta de viagens, por conhecer parte deste mundo e a idade me desfavorecer, embora eu me considere em forma. Aguarde-se, pois, o que vai se assinalar nessa crise.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 19/10/2004

Diário do Comércio (São Paulo), 19/10/2004