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A crise na educação

 

Temos 14 milhões de analfabetos e uma pós-graduação de Primeiro Mundo. O ensino fundamental foi praticamente universalizado, mas a qualidade deixa muito a desejar. A educação profissional e o ensino médio ainda não encontraram o caminho certo. Os cursos de formação de professores são lamentáveis, como são lamentáveis os salários pagos aos quadros do magistério.


Faculdades de Pedagogia entregam ao mercado de trabalho docentes incapazes de assumir uma sala de aula. Por quê? Porque muitos desses professores trazem limitações oriundas de uma educação básica falha.  Cometem erros crassos de ortografia, têm dificuldade na compreensão de textos e total desconhecimento de conceitos científicos imprescindíveis. Saem do curso de Pedagogia sem  se livrar  dessas dificuldades.


A mentalidade que reina no mundo acadêmico supervaloriza a teoria e menospreza a prática. O trabalho concreto em sala de aula é colocado no segundo plano.

Briga-se para pagar o piso de 400 dólares mensais aos professores de ensino fundamental, por 40 horas semanais, quando o Japão paga 2.000 dólares aos seus mestres.  Cinco vezes mais!


Veja-se o sistema de cotas. A  reserva de 50% de vagas, nas universidades federais, para alunos egressos das escolas públicas onde tenham estudado todo o ensino médio, apresenta preferências étnicas que são rigorosamente inconstitucionais. Vagas serão preenchidas por descendentes de negros, pardos, indígenas, na proporção da população de cada Estado. Cotas raciais não têm amparo legal e, na verdade, camuflam a leniência oficial em relação à qualidade do ensino público, este sim a merecer toda espécie inadiável de apoio. E tem mais: é uma agressão à autonomia universitária. Haverá  ainda a  reserva de metade das vagas para os estudantes de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita.


Se a Carta Magna proíbe a discriminação por motivo de raça, não é defensável o argumento de que se deve impor o movimento contrário. 

Vivemos um tempo difícil, em nosso País, fruto também da desordem econômica mundial. Temos hoje cerca de 20 mil cursos superiores e a maioria deles se ressente da necessária excelência. Para complicar as coisas, os jovens desconhecem a chamadas “profissões do futuro”, aquelas ligadas à alta tecnologia, genética e meio ambiente. Preferem os cursos tradicionais, desconhecendo a saturação que ocorre, sobretudo nos grandes centros urbanos, em profissões como Medicina e Direito (são dados do vestibular de 2008 da Fuvest).


Há uma sedução pelas profissões midiáticas, como publicidade e propaganda, jornalismo, audiovisual e artes cênicas, que estão entre as dez mais procuradas, com um pormenor essencial: são aquelas onde ocorre maior índice de desistências, pois o mercado de trabalho é bastante restrito. A geração nascida entre 1980 e 1995 é vítima desse equívoco. A era da interatividade não tem ajudado na escolha profissional adequada.  É um panorama altamente preocupante.