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Crime de militares

 

A notícia de que militares são responsabilizados por crime no Rio de Janeiro - pelo qual o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobe o Morro da Providência e pede perdão as mães dos jovens executados por milícias rivais - criou um caso pavoroso entre o Exército e comunidade civil. Embora o pedido de perdão tenha sido divulgado por todos os meios de comunicação, a rigor não foi ele aceito pelas famílias dos jovens entregues aos traficantes, que os torturaram e os executaram.


Reconhecemos que se fossem civis os autores da execução não teria havido a repercussão que teve, mas por serem militares de um lado e jovens de comunidade carente do outro, abriu-se um escândalo, em que vimos aqui dar a nossa humilde posição de desculpas - mais formais ainda do que as manifestadas em nome do Exército através do ministro da Defesa, Nelson Jobim.


Se há uma corporação que mereça o respeito e a admiração dos brasileiros, essa corporação é o Exército brasileiro, que tem ocupado o seu lugar e sempre tem intervido nas lutas civis para acalmá-las e fazê-las retornar ao princípio da ordem que tenha sido violado.


O Exército brasileiro tem, invariavelmente, defendido a Pátria, merecendo, portanto, todas as homenagens que possam ser tributadas a uma instituição que acompanha a vida nacional desde o seu nascimento. Inúmeras foram as homenagens prestadas ao Exército e às Forças Armadas em geral pelo muito que devemos a ela na defesa da paz e do bom convívio dos cidadãos brasileiros. Não será, portanto, uma execução como essa, por ordem de 11 militares, que repercutiu em todo o Brasil, ser nimbada de sujidade, em que o controle psicológico cedeu lugar à facilidade com que se deve tratar todos os assuntos como esse relativos à Pátria.


O Exército em geral sempre interveio em questões civis, para deixar claro que não são eles que tomam decisões de real importância para as instituições. Nesse caso, pensamos da mesma maneira. Não vamos inculpá-los mais do que já foram inculpados os 11 militares que praticaram a ação criminosa e pedimos às famílias das três jovens vítimas que se juntem ao pedido de perdão que os civis lhes fazem, para juntarem na mesma mortalha os jovens que morreram. São essas questões - que muito nos constrangem -, mas é o que devemos fazer em nome dos interesses superiores da Pátria.


Diário do Comércio (SP) 20/6/2008