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Corrida presidencial

 

Criou o presidente Lula suspense em torno de seu nome e somente no derradeiro minuto do dever de se lançar candidato decidirá se vai fazê-lo ou não. Deve-se considerar Lula um candidato com peso eleitoral, pois os escândalos políticos chegaram até ele mas não o abateram. Lula é, portanto, um animal ferido, mas não vencido.


Outro candidato para a corrida presidencial poderá ser o governador Geraldo Alckmin ou o prefeito José Serra. Tanto um como outro dependem do PSDB e, mais objetivamente, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas as convenções, como a opinião pública em geral, são inesperadas em suas decisões de apoio ou de repulsa. Enfim, a corrida presidencial deverá ter candidatos de outras organizações partidárias que se unem para a eleição e desde que já habilitadas pela Câmara dos Deputados para essa finalidade.


Como se vê, estamos numa democracia com defeitos, pois as coalizões, autorizadas pela Câmara não favorecem a transparência do regime, transparência da qual vive o regime e sem a qual a democracia entra numa fase de degenerescência. Mas, enfim, aceitaremos o regime como ele nos apresenta, e critiquêmo-lo a título de colaboração para o expurgo de seus males, que não são poucos e que muito comprometem a adesão plena das novas gerações aos verdadeiros postulados democráticos. A corrida presidencial tem defeitos, um dos quais permite que o presidente em exercício não necessite exonerar-se para concorrer, fato que favorece o presidente capaz de usar a máquina administrativa para fins eleitorais.


São estas as considerações que me vêm nesta fase inicial da corrida presidencial, com candidatos capazes de chegar ao Palácio do Planalto, segundo as pesquisas de opinião. Mas, saiba-se que a corrida presidencial é cheia de obstáculos e de difícil realização.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 30/1/2006