Quem diria que Gilberto Kassab, debutante em política, iria conquistar adesões que os velhos políticos não conquistaram. Ele tem, agora, o apoio do PMDB e atrai o PSDB, ficando, portanto, forte, capaz de ganhar a eleição para a Prefeitura de São Paulo, se as coisas forem confirmadas até a eleição.
A política é a arte de fazer combinações. Basta ter aptidão para acordos que pareçam impossíveis aos adversários e fica provada a capacidade do novo líder político, como é o caso de Kassab. Pelo que estamos vendo, ele não ocupa um lugar secundário na política, mas sim um lugar de projeção, que lhe dá pleno domínio do campo adversário e atrai para si e sua eleição dois grandes partidos.
Fizeram carreira na política os velhos políticos do PRP, antes de 30. Getúlio Vargas sabia matar e ressuscitar o morto que lhe conviesse na política, e com isso fez-se o "monstro", do famoso artigo de Assis Chateaubriand. São especialistas em arte política os mineiros, que costumam dar pastéis de vento em conversas demoradas em BH ou cidades vizinhas. Até hoje não faltou ninguém para pôr defeitos nos negociadores políticos mineiros, exatamente nopapel que lhes cabem na política nacional.
Apolítica é, portanto, a arte da conversa, essas conversas que não têm começo nem fim, que duram horas, dias e meses, para terminarem ignorando as partes como começou. Quem não a considerar assim não faz política e está fadado a não fazer uma carreira na política.
Gilberto Kassab está se mostrando um bom político, no sentido mineiro, e como tal vai aliciando apoio de partidos grandes parasuas causas. Um favor aqui, um favor ali e está pronto para saltos mais altos, nos quais cairá sempre na melhor posição. É uma revelação no cenário político paulista e brasileiro.
Em Minas brilha Aécio Neves, formado na igrejinha de Tancredo Neves, onde já é um ás entre os políticos mais calejados na dura sorte de fazer conversação política - isso sem desqualificar os velhos políticos de Minas.
Ficam aqui as minhas considerações sobre políticos e a política, como praticada no Brasil de nossos dias, com a arte dos velhos tempos, que já vão longe.
Diário do Comércio (SP) 28/4/2008
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