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Condenação de militares

 

Lemos em um dos jornais de grande circulação em São Paulo que 11 militares são indiciados pelo assassinato de jovens no Rio de Janeiro. Já tratamos deste assunto na semana passada e não queríamos voltar ao assunto, mas devemos, em respeito às Forças Armadas, replicar o tema discutido fartamente nos últimos dias.


A realidade é esta: três jovens foram entregues pelos militares aos traficantes de um morro rival, e à morte certa. Assim seria o começo do processo que indiciaria os 11 militares, que sabiam muito bem o que poderia acontecer a esses jovens se caíssem nas mãos de traficantes.


Não está sendo julgado com justiça o próximo, como ensina o Velho Testamento. A entrega dos três jovens ao Morro da Mineira deveria ter sido comunicada pelos militares a seus superiores, que ordenaram essa operação,advertidos do perigo da ação derivar para uma indevida cobrança de dívida em nome da "Justiça do Morro", que nós sabemos ser violenta e os próprios militares também. Os oficiais sabiam também do risco que os jovens corriam, porém não fizeram nada para reverter essa situação.


Se estão arrependidos ou não do que fizeram, não sabemos, mas isso também não resolve, não ressuscita os mortos e não dá vida nova aos jovens que morreram e nem afirma o princípio da Justiça, que é ouvir pacificamente aos prisioneiros, defendidos pelo próprio Estado.


Estamos, portanto, diante de um fato nebuloso, que exigiria a reconstituição da absurda entrega dos jovens ao morro rival. Mas agora as coisas já estão feitas e, reconhecemos ,não adianta mesmo insistir nelas.


Lamentamos que as Forças Armadas tenham sido enodoadas pela morte de jovens imprudentes, imprudentemente entregues aos seus algozes, que os torturaram e os mataram violentamente. Faltou calma, evidentemente, em tudo isso que poderia ter sido evitado, pois os militares não tinham necessidade de usar da fraqueza alheia para livrarem-se dos jovens.


As Forças Armadas são responsáveis pela defesa nacional. Têm uma missão superior a cumprir e a tem cumprido com dever e patriotismo absolutos. Se aqui repetimos o que já foi dito em artigo anterior é por respeito a elas.


É o ponto de vista que temos que defender, tanto dos vivos quantos dos mortos, nesta lamentável questão.


Diário do Comércio (SP) 23/6/2008