A lição de Machado foi tomada ao pé da letra pela exemplar Escola Sesc de Ensino Médio.
Convocar os moços às tarefas da Cultura. Ele fez assim ao fundar, com Lúcio de Mendonça e outros, a Academia Brasileira de Letras.
E mais: deu a traça do desenho acadêmico enquanto promotora e defensora da língua. "Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha de fontes legítimas - o povo e os escritores - não confundindo moda que perece com o moderno que vivifica".
A Esem ao estimular a prática da leitura, a explicitação interpretativa de textos machadianos, a cargo dos " alunos, sabiamente orientados por professores competentes, serve tanto à preservação quanto à adequada veiculação do bom português.
Penso que Antônio Oliveira Santos ao criar a Esem nem imaginava que ela iria tão longe, tornando realidade a aliança de tradições brasileiras com a modernidade dos tempos.
Ensina-se, na Esem, o canônico e o novíssimo. Sem minguas, sem repartir, mas unindo e progressando.
Dá gosto ler o que os estudantes sumariaram e agora sugerem, afastando mais uma vez aquele bordão que Marcelo Moutinho denuncia e reprova, o de que os livros de Machado cheiram a mofo.
Moutinho tem razão e os estudantes comprovam: não é nada disso.
Fernanda Freitas, Vagner Amorim, Luiz Fernando de Morais, Claudia Fadei, Antônio Viveiros são alguns que têm do que se orgulhar. Pelo trabalho que tantos realizaram, cada um poderia replicar o famoso verso de Mário de Andrade, que Antônio Carlos Secchin nunca esquece: "Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta".
Estas coisas pus em letra de forma para a "orelha" do livro que a Editora Autêntica vai divulgar. O livro é o resultado do projeto ali desenvolvido "Machado por jovens leitores". Trata-se da ideia de acrescentar novo auxílio à literatura do nosso Machado, com a participação preponderante de estudantes da Esem.
Jornal do Commercio (RJ), 10/8/2011