Os músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira apresentaram-se sábado em concerto que lotou a Escola de Música da UFRJ e que teve a participação de instrumentistas da Petrobras Sinfônica e da orquestra do Teatro Municipal. Tocou-se o Hino Nacional, e Cristina Ortiz, ao piano, conduziu uma emocionante interpretação do Concerto nº4 de Beethoven. O clima era de euforia e preocupação. Houve discursos indignados, que em nenhum momento escorregaram para as ofensas.
E assim chegamos a esta situação esdrúxula, em que há uma OSB e uma "OSB do B". Mas a OSB original está agora montada nas bases mais frágeis do mundo, e o pedido dos músicos para que o maestro Minczuk se afaste me parece bem mais próximo da realidade do que os anúncios, de um prodigioso otimismo, publicados pela Fundação OSB. Também não ajuda nada a entrevista do maestro às Páginas Amarelas de "Veja", onde se diz que ele "vence a primeira batalha de uma guerra santa contra a mediocridade e o corporativismo". Fica parecendo uma briga de paulistas com cariocas.
Nenhuma batalha foi vencida, e não vejo como se possa (re)construir uma orquestra de costas para a maioria maciça do meio musical brasileiro.
O Globo, 3/5/2011