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Chávez não deve ser levado a sério

 

Condenada pela invasão, Colômbia acusa Chávez . Esse é o título de capa da edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo. Essa inquietação de Hugo Chávez não deve ser levada muito a sério, pois a OEA está ativa, já se reuniu em sessão de emergência para golpear o nó usado pelo presidente Hugo Chávez de ser o mandante da crise militar, que não fica muito longe da regra geral na América Latina, onde estávamos estranhando não ter, há muito tempo, a coceira revolucionária que contamina vários países.


A Colômbia acusou Chávez de dar US$ 300 milhões às Farc. A crise mobilizou o governo brasileiro. Segundo o título de outro grande jornal de São Paulo: Brasil condena invasão (do Equador) e cobra desculpas de Uribe.


Os países envolvidos nessa crise militar e política são aqueles que ficaram órfãos do poder magnânimo quando as nações decidiram partir para a independência. Foi a época em que os caudilhos se mostraram como eles eram e o que queriam, só se salvando nessa época de convulsões o Império do Brasil com Dom Pedro I à frente e depois a regência e, finalmente, Dom Pedro II.


Política não se faz como Chávez quer e como outros presidentes latino-americanos também desejam. Estamos vendo que, até mesmo, a Bolívia com sua riqueza petrolífera não sai da miséria em que se encontra há séculos por não ter um rumo a seguir como querem hoje mal ou bem os EUA, a OEA, a ONU e chancelarias isoladas que se esforçam para garantir a paz no continente.


Essa última aventura do presidente da Venezuela poderia ser evitada, e deveria ser, para impedir o continente de mergulhar numa zona fuliginosa de inquietações, com seus povos já sofridos com a presença de ditadores que nada fazem se não usar o verbo enfático da língua castelhana.


Não temos dúvidas em afirmar que a atual situação militar no norte do continente acabará em nada, dando-se as mãos pela cordialidade continental aos países infringentes das regras da boa diplomacia, que resolve tudo sem perdas de vidas.


Este posicionamento de batalhões na fronteira com a Colômbia, determinado por Hugo Chávez, um "cucaracha" dos falsos caudilhos do passado, deveria ser evitado. Fica aqui a nossa condenação, também, dessa invasão estúpida que não leva a nada, se não a desorganização maior ainda dos países envolvidos.


Diário do Comércio (SP) 5/3/2008