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Casa assombrada

 

O DC intitulou da maneira correta, em sua manchete de sexta-feira: Casa Assombrada . É o que ocorre ao comentarista e noticiarista sobre a grave crise desencadeada pelos fundos imobiliários cotados pelas Bolsas de Valores americanas. Isso prova que nós ainda não podemos nos considerar independentes, tendo os EUA a ditar rumos financeiros do mundo e da moeda forte em que devem ser cotados os títulos em bolsa, como gostam de fazer os investidores colossais que há pelo mundo todo.


O jornal O Globo publicou uma entrevista que merece ser transcrita em parte nas colunas deste jornal. Vamos transcrever na íntegra o trecho que nos interessa. O repórter pergunta ao economista Nuno Câmara o porquê do congelamento de fundos do banco BNP Paribas afetar o mundo. Responde o economista: " Antes, os problemas com o crédito de alto risco estavam confinados nos EUA. Com o anúncio do BNP Paribas, a volatilidade, que já é a maior dos últimos quatro anos, aumentou e houve medo entre os investidores. Mas vejo essa medida como uma preocupação do banco para evitar desequilíbrio financeiro, já que a instituição tem diferentes papéis em sua carteira. A ação dos bancos centrais dos EUA e da Europa foi positiva para o mercado por trazer justamente mais liquidez em um momento de aversão a risco. Mas continuo acreditando que a crise no crédito subprime não vai alastrar pelo resto da economia. É só um medo."


O repórter faz uma outra pergunta, muito pertinente: os problemas nos EUA podem afetar o mercado imobiliário no Brasil? Resposta: " Não. O mercado imobiliário quase não existe no Brasil. Mas alguns países emergentes, onde o setor está com muita exposição, poderão ser afetados ."


Como vimos, o Brasil vai escapar dessa crise e continuar a chamar interessados nos lançamentos de imóveis novos em vários bairros da capital. Não diremos que ficaremos desinteressados, mas, o contrário: fiquemos muito interessados no que se passa no continente americano, europeu e asiático. Não esperávamos essa crise. Por enquanto temos que conviver com ela, mas a opinião do economista Nuno Câmara é para ser levada a sério, antes que seja tarde.


Diário do Comércio (SP) 13/8/2007