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Carvalhosa, MoMA, Tom

 

Leio as fartas notícias da exposição de Carlito Carvalhosa, no MoMA de New York. Dá-me orgulho, dá-me saudades. Orgulho e saudades de Marcantonio, o nosso TOM, meu e de Carmo.

A abertura se dá às vésperas do aniversário do filho querido. Lembro bem de quando estávamos a montar o nosso apartamento (refugio ou relicário?) na Boa Viagem quando ele chega com imenso quadro. Vinha de São Paulo para um curto período de férias conosco. Trazia obra belíssima de Carvalhosa, artista que até então não conheciamos. O quadro é uma assunção de Nossa Senhora, com técnica refinada de uso pouco comum. Ele, ao contrário dos seus costumes, sem consultar a mãe, tomou a iniciativa de pôr na sala, onde sempre estará. Sabia que o artista vingaria, ganhando reputação internacional.Sabia que era um presente e um patrimônio para nós. Seu olhar de descoberta não falhou nunca.

Como nada entre os pais e filho se afoga em espumas, aquele foi um momento. Idea Vilarino, do Uruguai, explica em versos o que as horas marcantes significam: "Foi um momento / Um momento / no centro do mundo".
 
Centralidade ou frontalidade do protagonismo de nossos filhos sempre significa. Tudo o  mais é muito bem-vindo, a família, a saúde, o trabalho bem-sucedido, os amigos, mas sempre aquém daqueles.
 
O que a gente contabiliza da trajetória na terra do inesquecível Marcantonio é a sua orientação de que o futuro não é dádiva, mas conquista.
 
Não acreditando no que estivesse desamparado de conhecimento e trabalho, investiga a geografia das artes e se empenhou em facilitar o acesso aos seus mapas.
 
Marcantonio foi um grande navegador.

Jornal do Commercio (RJ), 29/8/2011