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Bush e o Iraque

 

Faz poucos dias que o presidente George W. Bush declarou aos meios de comunicação que o Iraque poderia vir a ser um novo Vietnã para os EUA.


A reação foi imediata e não foi aceita. Daí ter ele revidado com uma declaração surpreendente, a de que vai retirar tropas do Iraque, evitando, assim, a repetição do fiasco vietnamita.


Os EUA estão prestando um grande serviço às democracias, mas esse serviço tem uma regra a ser cumprida, regra essa que implica no conhecimento das áreas que exigem intervenção moderadora. O Iraque estava nas mãos de um tirano assassino que merecia ser exibido dentro de uma jaula nas cidades americanas, mas não foi. Sua execução ocorreu em seu próprio país, que ele conspurcou e encheu de sangue ao se fixar no poder, sem dar-lhe o favorecimento de um progresso que melhorasse a vida de seu povo.


Vê-se agora que o tirano faz falta, embora não se possa querer que ele volte, por impossível. Saddam Hussein pagou com a vida as vidas que tirou, inclusive as de seus dois genros, que ele mesmo executou, por terem acreditado em sua palavra.


O Iraque já passou por duas revoluções sangrentas e, agora, por uma guerra mais sangrenta ainda. Saddam Hussein liderou a reação democrática e implantou a ditadura, e com ela dominou o país durante longos anos. George W. Bush pretendeu eliminar Saddam Hussein supondo que esse ato seria bem recebido, o que não se deu na totalidade na suposição americana. Mas agora é tarde, cabe-lhe ressalvar o brio de sua terra com medidas de erguimento do país abalado pela guerra e pelas mortes a que a guerra deu origem.


O caso Iraque não vai se transformar - supomos nós - num novo Vietnã para os EUA, pois a situação é diferente. Os dois lados querem a pacificação, cada qual com suas reivindicações e com as suas exigências para uma "boa solução". Guerra é isso; sabe-se quando começa e não se sabe quando acaba e nem como acaba. Está aí para comprovar a Segunda Grande Guerra Mundial, que teve acentos de Wagner em seus últimos dias no bunker de Hitler. Nos EUA será diferente, mas poderá ser uma derrotada imprevista, o que ficaria mal para a grande nação americana.


Diário do Comércio (SP) 20/9/2007