Há mais de 30 anos o padre Lebret, fundador do movimento Economie et Humanisme , publicou vários artigos defendendo a tese de que a França era terra de missão.
Nada foi feito pelos poderes dos membros da Assembléia Nacional, nem mesmo por De Gaulle, cuja autoridade não deixava dúvidas, tamanha a sua imposição às forças políticas, sobretudo as majoritárias. Era, portanto, imperioso partir para a missão e converter, definitivamente, a França em país de uma democracia limpa dos contrastes e dos agregados anti-democráticos que a maculavam.
Mas, a missão ficou em meio ou nem mesmo alcançou os mínimos objetivos de que se propunha, quando o vigoroso dominicano lançou seu grito de guerra, a missão da qual deveriam se ocupar os franceses, ainda recentemente, estavam no pós-Guerra, já haviam se acomodado na peche a la ligne , ao bistrot e aos fins de semana prolongados, enquanto a missão de que falou o padre Lebret numerosas vezes foi ficando esquecida.
Temos agora uma atitude semelhante no Brasil. O eminente cardeal Hummes acaba de afirmar que o Brasil é terra de missão. Estou, pessoalmente, de pleno acordo, pois fui um dos membros do grupo que trabalhou com o padre Lebret, que teve com ele cursos sobre os totalitarismos e que ouviu, mais de uma vez, a pregação ardente, bem conduzida pelo exímio orador, de que a missão era uma tarefa de amplitude nacional e que o Brasil deveria se convencer de que é terra de missão.
Não sei se o eminente cardeal Hummes vai ser ouvido. O brasileiro está mais preocupado com o seu dia-a-dia, com a sobrecarga dos tributos executada que o governo dilapidador, perdulário e ineficiente que nos dirige - para tempos difíceism, englobante de todas as classes -, não entendendo o que é missão e o trabalho de todos os brasileiros em prol das classes menos favorecidas, em prol da educação para os milhões de brasileiros pequenos e até velhos que não compreendem, ainda, os rudimentos da educação; em suma, é preciso partir para a missão de resgate da nação do atraso em que ela se encontra.
Diário do Comércio (São Paulo) 22/02/2005