Os neutros, por sua vez, também não veem por que confiar em Tarcísio. Sabem que seu em-cima-do-murismo pode se definir contra quem quer que seja, como ele está fazendo com Bolsonaro —e isso vale para os faria-limers que o achavam quase tolerável. E, por enquanto, ainda estão em 35 por cento os paulistas que atribuem a disparada do crime em São Paulo —homicídios, feminicídios, violência sexual, letalidade policial, latrocínio, roubo de celulares— ao congelamento das verbas para programas de enfrentamento a esses crimes.
Para muitos, Tarcísio é ruim porque é carioca. Mas dessa virtude ele não pode ser acusado. Tarcísio só nasceu no Rio. Mudou-se aos três anos com sua família para uma cidade-satélite de Brasília, de que saiu quando ingressou no Exército, em Campinas, aos 19. Pelos 17 anos seguintes, alternou quartéis em Resende, Recife e Natal e, ao deixar o Exército, aos 36, foi ser burocrata em Brasília.
Em dias de sua vida, nunca foi visto caindo n’água em Ipanema, comendo uma empada no Caranguejo ou tomando um chope no Pavão Azul. Nunca foi vereador, prefeito, deputado ou senador pelo Rio. Na verdade, nunca foi sequer síndico de condomínio na Barra. Nunca tínhamos ouvido falar dele aqui na rua do Ouvidor até que Bolsonaro o plantou na garupa de sua moto em São Paulo, ungiu-o candidato e o elegeu.
Daí que, ao ver sua batata assar nacionalmente, a Tarcísio só resta a reeleição em São Paulo. Mas agora sem Bolsonaro.