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Aprender fazendo

 

É muito atraente proclamar a necessidade de um novo modelo para a educação brasileira. Quem não estará de acordo? Conhecendo a realidade das nossas escolas, especialmente as públicas, sente-se o vulto do desafio. A capacitação necessária deve ser acompanhada de incentivos salariais, como ocorre nos países pós-industrializados. Eles podem ainda utilizar padrões conservadores, sem maior criatividade, mas têm melhores condições de se dar bem na Sociedade do Conhecimento. O sistema CIEE, no Brasil, já treinou mais de sete milhões de jovens. Depara-se, no entanto, com um problema que extrapola os limites da sua atuação. Quase 30% da nossa população jovem, entre 18 e 25 anos de idade, não têm oito anos de estudos, ou seja, sequer concluíram o ensino fundamental, carecendo assim de qualificação.


Essa população despreparada alcança a cifra de oito milhões. Segundo o IBGE, 6,7 milhões abandonaram os estudos, com chances remotas de trabalhar em busca do tempo perdido. Esse fato sobrecarrega a população economicamente ativa, além de significar sério prejuízo às nossas chances globais de crescimento econômico.


Devemos treinar esses jovens, antes que se tornem adultos incompetentes ou pouco instruídos. Falta mão-de-obra qualificada, em setores diversos, como se estivéssemos condenados ao atraso. Esse modelo vitoriano está condenado e só existe uma certeza: com melhor educação (e mais moderna) será possível atender de forma competente e inovadora às demandas existentes. Com o lema “aprender fazendo”, que consagrou as idéias de John Dewey, mestre de Anísio Teixeira, nos Estados Unidos, o Centro de Integração Empresa-Escola/RJ ativará ainda mais o seu desempenho, junto às 3.400 instituições que acreditam no seu projeto de capacitação – e outras mais que venham a somar – para cobrir essa extensa área de carências. A sua ação não será substitutiva, mas complementar, operando em solidariedade com os sistemas de ensino instituídos.


Recebemos de Antenor Barros Leal e sua dedicada equipe alguns bons presentes: a inauguração das novas instalações das unidades de Barra Mansa, Macaé, Resende, Petrópolis, Duque de Caxias e Campos; a parceria com a Fundação Roberto Marinho, que permitirá a ampliação do número de aprendizes capacitados pelo CIEE. Chegaremos a 2008 com o milésimo aprendiz no Rio de Janeiro; a inspiração para que sejam desenvolvidas atividades culturais; a abertura de novas unidades no interior do Estado e o fortalecimento de parcerias com órgãos públicos, na concessão de oportunidades de estágio. Agora, é só seguir o caminho aberto, com muita competência. Aliás, citando esta última palavra, devemos anunciar que será criado o Prêmio Competência 2008, a ser oportunamente regulamentado.


A ciência avança com celeridade. São inúmeras as conquistas do desenvolvimento tecnológico, como se pode depreender, no Rio de Janeiro, pela procura crescente de engenheiros bem formados, em áreas como a de petróleo (quantos profissionais serão logo convocados para operar nas novas descobertas em águas profundas da Bacia de Santos, a 250 km do Rio?), siderurgia, mineração, informática e agricultura. Hoje, as engenharias de especialização em meio ambiente, civil, mecânica e de produção, já são as mais disputadas nas universidades.


Há uma carência de profissionais em metalurgia, para operar em Santa Cruz, onde se constrói o maior pólo do País. A ausência de técnicos e profissionais de nível superior com a devida formação pode sacrificar os nossos anseios de progresso imediato, para que a atual geração possa usufruir dos benefícios a que tem direito. Deve-se proclamar a necessidade de ampliar significativamente os programas de estágio, que se revelaram eficientes e eficazes. Comércio, Serviços, Indústria e Construção pedem, estrategicamente, maiores e melhores profissionais. Estamos aptos a oferecer essa indispensável alternativa.


Jornal do Commercio (RJ) 14/12/2007

Jornal do Commercio (RJ), 14/12/2007