Disse o presidente da República que a Amazônia não é um "santuário da humanidade". Acontece que foi considerada pelo mundo como sendo um santuário ambiental que deve ser preservado _ apesar da pressão do preço da carne e da soja, e da madeira e da terra devastada.
Estamos há muito tempo insistindo em defesa da Amazônia. Isto já foi dito e repetido a cansar. A Amazônia já é considerada o pulmão da humanidade. Não se trata de arrebanhar terras brasileiras sob bandeira estrangeira; a ONU, por exemplo, poderia dar um destino àquele enorme território que abriga riquezas não estudadas até agora, mas que estão à disposição da ciência.
Quem é que sabe o número de aves que possui a Amazônia? Quem é que sabe o total de animais silvestres? Quem é que conhece a fauna e a flora por completo e sabe quais substâncias poderão ajudar no tratamento de doenças? Tudo isso foi ventilado por publicações prestigiosas dos EUA, da Europa e da América Latina para colaborar com a difusão do valor da Amazônia como repositório científico, do qual dependemos ou podemos depender em futuro próximo, quando a ciência abrir-se com os seus estudos sobre a região.
Não se trata, portanto, da definição dada pelo presidente da República, mas se trata efetivamente de um santuário, como já se caracterizou perante os povos que dele dependem para renovação do seu ar ambiente. É preciso incluir a Amazônia, definitivamente, no quadro das regiões necessárias à humanidade, sem as quais a humanidade não pode viver.
Temos uma só Terra, um pequenino mundo que pode ser atravessado em 24 horas por qualquer companhia de aviação aérea. Por isso, a Amazônia não é um santuário fechado, mas sim aberto ao interesse público que se dispôs a valorizá-la ainda mais do que já é.
Há o interesse por tudo aquilo que pode ser canalizado para o bem do povo e da saúde pública, e de tudo mais que pode advir daquele imenso território que permaneceu fechado durante anos, mas que há pouco tempo foi aberto para o turismo e para as atividades científicas, principalmente pela exploração internacional.
A Amazônia é uma propriedade brasileira posta à disposição da humanidade. Devemos ter controle absoluto sobre sua exploração. É nesse sentido que a entendemos.
Diário do Comércio (SP) 14/2/2008
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