O primeiro convite que recebi para participar da 22ª. Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, foi do diretor do Sesi, Walter Vicioni. Queria lançar no seu estande o livro “Educação e Sustentabilidade”, com a conferência realizada no Rio+20. Foi um enorme prazer voltar a falar para professores e alunos, no penúltimo dia da Bienal, que bateu todos os recordes de público: depois de 11 dias, no Parque Anhembi, foi registrado o comparecimento de 750 mil pessoas, só de estudantes mais de 120 mil. Era gente muito interessada, o que pôde ser observado pelo nível das perguntas, após a minha palestra. O tema sustentabilidade está na moda e os jovens, especialmente, desejam esquadrinhar o seu significado mais amplo. Querem um exemplo? A pergunta que me foi feita: depois de tanta discussão, como ficará a situação das milhares de pessoas que vivem nas regiões ribeirinhas, sujeitas a enchentes e destruição?
Procurei mostrar a responsabilidade dos governos, na solução desse tipo de problema, mas a ênfase maior foi dada na necessidade de criação de uma verdadeira consciência ecológica, que proteja a população, sobretudo a mais carente, desses sustos permanentes.Houve palmas no auditório.
Com os corredores da Bienal literalmente cheios, naquele sábado colorido, percorri diversos estandes, à procura de novidades.E havia muitas, de vários tipos. Livros para todos os gostos, com filas em especial quando eram autores como Paulo Coelho(mesmo não estando presente), Maurício de Sousa e Ziraldo. O que atraía também os interessados eram os preços especiais praticados na Bienal.Descontos inteligentes.
No estande da Distribuidora Nova América vivi uma cena comovente. Assinei alguns autógrafos, mas um grupo de seis estudantes, idade média de 15 anos, não saía da frente daquele local, namorando com os olhos as ilustrações do livro “O que rola no tatu-bola”, editado pela Consultor, com a arte a cargo de Cláudio Duarte. Um deles, mais afoito, perguntou o preço. Quando lhe foi dito, ficou triste. “Não temos esse dinheiro. Nem fazendo uma “vaquinha”. Aí peguei um exemplar, autografei, e dei de presente ao grupo, para que todos pudessem ler. Saíram dali na maior felicidade (e eu também).
No estande da Nova Fronteira, uma novidade: o livro “Memórias de um sobrevivente”, relativo aos dias gloriosos e à tragédia do fechamento da Empresa Bloch. Muita gente folheava o livro.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do MEC, fez um estande muito bonito e bastante diversificado, com todas as suas publicações. Alguns professores, como contadores de história, despertaram o interesse dos alunos presentes. Um deles falou sobre “a imagem nos livros infantis”, houve um empenho generalizado na tarefa de despertar o interesse de crianças e jovens pelo fenômeno da leitura. O que posso ainda assinalar é que muita gente deixou de comprar por falta de dinheiro ou porque os livros ainda são caros, entre nós.
Folha Dirigida (RJ), 23/8/2012