Artur Jaceguai (Artur Silveira de Mota, Barão de Jaceguai), almirante e historiador, nasceu em São Paulo, SP, em 26 de maio de 1843, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de junho de 1914.
Filho do Conselheiro José Inácio Silveira da Mota, fez os estudos iniciais no Colégio Vitória e, aos 15 anos, era aspirante a guarda-marinha na Escola Naval do Rio de Janeiro, concluindo o curso em 1860. Por essa época o futuro almirante esteve bem próximo de deixar a carreira: o conselheiro Silveira da Mota, impressionado com a catástrofe que destruíra a corveta Isabel, na qual perecera toda uma turma de guardas-marinhas, solicitou ao Ministro da Guerra, Conselheiro Rego Barros, que seu filho fosse transferido para as fileiras do Exército. Mas a essa ideia se opôs o guarda-marinha Artur Silveira da Mota, cuja paixão pela vida do mar era verdadeira e profunda.
Em 1861, fez a primeira viagem de instrução, a bordo da corveta Baiana, sob as ordens do Capitão-de-mar-e-guerra José Maria Rodrigues. Visitou, nessa ocasião, a Inglaterra, a França, a Espanha, a costa da África e os Estados Unidos. Em 1862, foi promovido a Segundo-tenente, sendo nomeado instrutor de hidrografia da turma de guardas-marinhas, que fazia sua viagem de instrução de longo curso a bordo da fragata Constituição. A seguir, foi promovido ao posto de Primeiro-tenente.
Em 20 de fevereiro de 1865, seguiu para o Prata, a fim de se incorporar à esquadra que ia iniciar as operações contra Francisco Solano Lopez. Em 27 de março era nomeado secretário e ajudante-de-ordens do Almirante Tamandaré, comandante-em-chefe das forças navais brasileiras em operações de guerra no Rio da Prata, que, ao findar o período naquele posto, propôs a promoção do seu ajudante a Capitão-tenente. Jaceguai obteve, nessa ocasião, o grau de Conselheiro do Cruzeiro. Enviou-o o Marquês de Caxias ao Rio, em missão reservada e especial junto ao Imperador. Jaceguai desincumbiu-se com discrição e, ao regressar ao Prata, foi nomeado comandante do encouraçado Barroso. Tomou parte destacada na batalha de Curupaiti. A confiança de Caxias e de Inhaúma deu-lhe comissões das mais arriscadas e difíceis. Numa delas, em Humaitá, Jaceguai realiza o grande feito de sua vida, num lance maravilhoso, forçando a passagem perigosíssima do rio, sob o fogo incansável dos canhões paraguaios.
Ao findar a Guerra do Paraguai, tinha ele 26 anos e já era Capitão-de-mar-e-guerra. Foi nomeado comandante do navio Niterói, então o maior navio da esquadra brasileira, e partiu para uma viagem de instrução de longo curso, comandando os guardas-marinhas e oficiais, pela costa norte do Brasil.
Estudioso das questões navais, Jaceguai preocupou-se com o sistema a adotar na esquadra brasileira. Era partidário do sistema Armstrong, que se opunha ao Whitworth, e, em conferências públicas, algumas das quais com a presença de D. Pedro II, defendeu o seu ponto de vista. Feitas experiências sobre o assunto, de acordo com as indicações de Jaceguai, a Marinha brasileira passou a usar o sistema Armstrong.
Deixando a fragata Niterói, Jaceguai foi comandar uma esquadra incumbida de fazer levantamento hidrográfico no estuário do Prata. A seguir, foi nomeado adido naval junto às legações brasileiras em todas as cortes europeias, recebendo o encargo particular de estudar a organização naval desses países. Em dezembro de 1878, foi promovido ao posto de chefe-de-divisão e, no ano seguinte, nomeado enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em missão especial na China. Seguiu a bordo da corveta Vital de Oliveira. Ao voltar, foi escolhido para remodelar o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Em 1882, foi promovido a Chefe-de-esquadra, posto que corresponde a Vice-almirante, e recebeu o título de Barão de Jaceguai.
Em 1887, pediu reforma, ato que provocou veementes apelos de seus camaradas de classe e de seus amigos. Afastado da vida ativa, não se desligou de todo da profissão que tanto amava. Em 1897, foi nomeado diretor da Biblioteca da Marinha, Museu e Arquivo, e para redator da Revista Marítima Brasileira. Em 1900 foi nomeado diretor da Escola Naval, onde realizou um grande programa de administração.
Jaceguai relutou em se candidatar à Academia. Incentivado por Joaquim Nabuco, dentro da ideia de que a Academia deveria representar, nos seus quadros, toda a vida mental brasileira e não apenas os aspectos da atividade literária nacional. Em carta a Machado de Assis, Joaquim Nabuco indagava: “Não compreendo que ele que não tem medo de passar Humaitá o tenha de atravessar a praia da Lapa”, sede então da Academia. No discurso de posse, Artur Jaceguai deixou de fazer o elogio do antecessor, Teixeira de Melo, alegando “não haver conhecido o homem nem a sua obra”. Goulart de Andrade, que o sucedeu na Academia, acreditava ter encontrado outra explicação para esse silêncio: é que nas Efemérides nacionais, ao relatar a passagem de Humaitá pela esquadra brasileira, Teixeira de Melo citou o nome do comandante da divisão, Delfim Carlos de Carvalho, depois Barão da Passagem, omitindo o do comandante do Barroso, Artur Silveira da Mota.
Segundo ocupante da cadeira 6, foi eleito em 28 de setembro de 1907, na sucessão de Teixeira de Melo, e recebido pelo acadêmico Afonso Arinos em 9 de novembro de 1907.