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ABL comemora 110 anos e recebe Lula hoje

 

Academia, que passou a transmitir eventos na internet, quer se renovar; Sarney será orador da cerimônia

Luiz Fernando Vianna
Malu Toledo

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje, às 18h, da comemoração dos 110 anos da Academia Brasileira de Letras, no Rio. A festa seria em 20 de julho, mas foi adiada em razão do acidente com o avião da TAM em Congonhas, ocorrido três dias antes. Embora sem peso no adiamento, havia outro motivo de tensão na época: Lula fora vaiado no dia 13 na abertura do Pan, no Maracanã.

É a segunda vez que o presidente vai à ABL. A primeira foi em maio de 2003.

"Ele me disse que queria muito vir para desfazer uma imagem de tristeza que tem da Academia, pois esteve aqui no velório de Raymundo Faoro. Ele queria voltar num momento de festa", diz o presidente da ABL, Marcos Vilaça.

O orador da cerimônia será o senador José Sarney (PMDB-AP), por ser o acadêmico mais antigo da casa -tomou posse em 1980. Sarney era dado como nome certo para suceder Vilaça na eleição de dezembro, mas disse que não quer o posto. O secretário-geral Cícero Sandroni, segundo na hierarquia, é o favorito.

Lula volta à ABL num momento em que a instituição procura se renovar. Reformou seu site, passou a fazer transmissões ao vivo pela internet de seus eventos, criou o programa ABL Responde -em que uma equipe orientada pelo gramático Evanildo Bechara tira dúvidas de português-, tem distribuído livros a comunidades carentes e, no último Carnaval, cinco acadêmicos desfilaram na Mangueira, cujo enredo era sobre a língua portuguesa.

"A Academia não pode ser salgadinho de coquetel, mas também não pode ser só aquele caviar inacessível. Como você vai defender a língua e difundir a cultura se está isolado, se subestima as diversas expressões populares? A cultura não é só feita de letras literárias", afirma Vilaça.

A instituição tem promovido seminários gratuitos sobre temas contemporâneos, para atrair públicos novos. Na sexta passada, foi reinaugurado, com um show de Gilberto Gil, o teatro R. Magalhães Jr., onde serão apresentadas peças -como "Carlota Joaquina", com Marília Pêra, a partir de dezembro- e exibidos filmes escolhidos pelo cineasta e acadêmico Nelson Pereira dos Santos. E ele sonha com um músico e um pintor entre os imortais.

"Não é simples aliar a tradição à modernidade. Você deve ter muito cuidado para não fraturar a instituição. [A ABL] Precisa da liturgia, do fardão, do culto a Machado de Assis, da complicação das eleições [dos acadêmicos]. Se essas eleições não forem complicadas, que graça vai ter?", diz Vilaça, que lamenta não poder contar com a presença na casa de Paulo Coelho, eleito em 2002. "Ele não vem. Isso é chato."

A Orquestra de Cordas da Grota do Surucucu -comunidade de Niterói (zona metropolitana do Rio) -vai executar o Hino Nacional na solenidade de hoje. Também serão entregues medalhas João Ribeiro ao presidente da Confederação Nacional do Comércio do Rio, Antonio de Oliveira Santos, à Fundação Roberto Marinho, representada por José Roberto Marinho, e à Fundação Bradesco, representada por Lázaro Brandão.

Folha de S. Paulo (SP) 28/9/2007

05/10/2007 - Atualizada em 04/10/2007