A Presidente da Academia Brasileira de Letras, Acadêmica Ana Maria Machado [1], juntamente com o escritor mineiro Luiz Ruffato, fez o discurso de abertura da Feira Internacional do Livro de Frankfurt 2013, na Alemanha, no dia 8 de outubro, terça-feira. O evento deste ano, programado para se encerrar no dia 13, homenageou ao Brasil. Participaram também da Feira as Acadêmicas Nélida Piñon [2] e Rosiska Darcy de Oliveira [3] e os Acadêmicos Carlos Heitor Cony [4], João Ubaldo Ribeiro [5] e José Murilo de Carvalho [6].
“Ao agradecermos o convite para esta vinda a Frankfurt, retribuímos também com outro convite: venham conhecer o Brasil que está nos livros, o Brasil que escreve e se escreve”, afirmou Ana Maria Machado (leiam o discurso [7] na íntegra). Depois de discorrer sobre o olhar do mundo, nas décadas de 60 e 70, que esqueceu o Brasil e se voltou para o realismo mágico dos autores da América espanhola, explicou: “Nossos escritores nunca foram prioritariamente habitantes desses píncaros – embora talvez o gênero tenha sido criado no século XIX pelo brasileiro Machado de Assis, com Memórias Póstumas de Brás Cuba. Nossa praia é outra, como dizemos, Ou são outras. Variadíssimas. Surpreendentes. Por vezes, inclassificáveis”.
Ana Maria Machado disse, ainda, que a literatura feita no Brasil tem muito a oferecer, na variedade de protótipos, na inquietação, na inovação, nos mais variados registros de diálogo irônico com o cânone em piscadelas literárias do todo tipo, das mais refinadas e sutis às mais divertidas e escrachadas paródias, pastiches, intertextualidades: “Mas tenham certeza de que vão encontrar o reverberar dos problemas brasileiros nas obras de variados autores de percepção aguda”.
A escritora lembrou que, no conjunto, os livros produzidos no Brasil levantam indagações, reflexões, diálogos críticos com o real, hipóteses do imaginário, a partir de fatos do cotidiano e de sabores por eles despertados em todos: “Como amostra dessa produção na literatura, aqui chegamos com uma delegação de 70 escritores, que refletem isso. Sei bem que esse número suscitou estranhamento e foi até mesmo recebido com ironias e críticas em certos círculos, interpretado como um gesto arrogante e presunçoso – como se qualquer país pudesse imaginar ter 70 grandes escritores a apresentar ao mundo ao mesmo tempo. Mas proponho outra leitura, mais modesta e simpática. Afinal, essa quantidade corresponde a um país continental, de 200 milhões de habitantes, com oito milhões e meio de quilômetros quadrados (quase vinte vezes o tamanho da Alemanha)”.
Ao finalizar seu discurso, a Presidente da ABL disse: “Encerro repetindo o convite a cada um para que se aproxime de nossos livros e venha garimpar tesouros nesses ricos veios, em busca de suas descobertas pessoais. Há livros para todo gosto. Seguramente cada leitor saberá encontrar o seu. Provavelmente, mais de um se revelará atraente. Para isso, basta chegar perto, procurar ler, enfrentar o desafio de ir além da superfície e não se limitar apenas aos que nela flutuam, selecionando somente os que confirmam o que já se espera achar. Garanto que boas surpresas estão a sua espera. Sejam bem vindos”.
Saiba mais
A programação completa dos Acadêmicos da ABL na Feira de Frankfurt foi a seguinte: dia 9 de outubro, Carlos Heitor Cony e Nélida Piñon falaram sobre o tema Convergência da memória, no Pavilhão do Brasil; e João Ubaldo Ribeiro e Ana Maria Machado, Escritores na Zentralbibliothek, na Zentralbibliothek Stadtbücherei Frankfurt am Main; dia 11 de outubro, Rosiska Darcy de Oliveira, juntamente com a escritora paulista Maria Rita Kehl, participou da mesa literária Tempo e Liberdade: Brazil Discussion, no Pavilhão do Brasil; e José Murilo de Carvalho esteve no colóquio organizado pela Universidade Goethe para falar sobre a História e formação do pensamento brasileiro; dia 12 de outubro, o tema foi As muitas vozes do Brasil, com Carlos Heitor Cony, Beatriz Bracher, Cristóvão Tezza e o escritor e diplomata João Almino, na Katholische Hochschulgemeinde/Evangelische Studierendengemeinde, Universistäqtscampus; enquanto João Ubaldo Ribeiro e João Almino estiveram na mesa literária Alegorias e Utopias; assim como José Murilo de Carvalho e Mary del Priore, que participaram da mesa literária O País dos deslocamentos – Brazil Discussion, no Pavilhão do Brasil.
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14/10/2013
08/10/2013 - Atualizada em 07/10/2013Links
[1] https://academia.org.br/%3Fsid%3D92
[2] https://academia.org.br/%3Fsid%3D290
[3] https://academia.org.br/%3Fsid%3D973
[4] https://academia.org.br/%3Fsid%3D104
[5] https://academia.org.br/%3Fsid%3D319
[6] https://academia.org.br/%3Fsid%3D116
[7] http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=15432&sid=92
[8] https://twitter.com/abletras
[9] http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=103179285&tid=5932381079499839536
[10] https://www.facebook.com/notes/academia-brasileira-de-letras/presidente-da-abl-acad%C3%AAmica-ana-maria-machado-abre-oficialmente-a-feira-internac/665050033519020