A Academia Brasileira de Letras lamenta a morte do gramático, professor e filólogo Evanildo Bechara, ocorrida na noite desta quinta-feira, 22 de maio, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Evanildo Bechara foi eleito em dezembro de 2000, na sucessão de Afrânio Coutinho.
O velório foi realizado nesta sexta (23), na sede da ABL.
A ABL presta homenagem a um dos maiores gramáticos do Brasil.
O presidente da ABL, Merval Pereira, ressalta que Evanildo Bechara era o maior especialista em língua portuguesa, com fama que ultrapassa nossas fronteiras: "Foi o representante brasileiro na reforma ortográfica feita com Portugal. Além de tudo, era um professor generoso e uma pessoa íntegra e cordial."
Os Acadêmicos manifestam aqui suas homenagens ao colega:
Ana Maria Machado
"Fui aluna dele na faculdade, quando aprendi a admirar seu saber e suas qualidades de mestre, sempre confirmadas pela vida afora. Nos ultimos vinte e três anos, em nosso convívio na Academia, pude apreciar sua doce gentileza e a finura de seu senso de humor agudo e muito peculiar. Deixa uma marca magistral indelével."
Arno Wehling
"Grande intelectual e grande figura humana. Que perda para nós e a cultura brasileira!"
Domício Proença Filho
"Perdeu o Brasil, perdeu a língua portuguesa o nosso filólogo maior. Perdi o Amigo-Irmão de toda a vida."
Edgard Telles Ribeiro
"Ele sorria com aquele jeito modesto dele, um jeito tão doce e inesquecível, cada vez que eu creditava a seus livros ter sido aprovado em português no Vestibular do Rio Branco — de tão seguro que sempre me senti graças a seus ensinamentos…."
Godofredo de Oliveira Neto
"Ele dizia que a gente devia ser poliglota na nossa própria língua. O que significa isso? Os vários registros da nossa língua, da norma culta ao popular. Acho que ele tinha essa riqueza É uma tristeza muita grande. A sua obra fica. Um conhecimento muito profundo e muito democrático. É muito triste, mas vamos festejar para sempre a sua obra."
João Almino
"Que tristeza. Enorme perda para o país. Deixa uma obra que formou gerações e que — neste caso o termo muito bem empregado — é imortal. Não faz tanto tempo, ainda se mostrava muito ativo nas nossas reuniões da Academia, trazendo reflexões novas."
Jorge Caldeira
"No pouco tempo de convívio mais próximo que tivemos, ficava absolutamente fascinado com a cena de antes das reuniões: ele como o mestre e guia da lexicografia, resolvendo tudo com a equipe da área, em poucas palavras e um sorriso permanente. E só com isso ele cumpria parte imensa na missão maior da ABL, aquela de equilibrar a fala e a escrita da língua portuguesa no Brasil. Sim. A dimensão de Evanildo Bechara tinha medidas nem sempre explicáveis pelos metros usuais."
Ricardo Cavaliere
Ele era uma pessoa adorável. Tinha facilidade em se comunicar com as pessoas. Um jeito sempre muito amável, além do seu valor como linguista e filólogo que o tornaram uma pessoa única, representativa dos estudos linguísticos brasileiros."
Rosiska Darcy de Oliveira
"Conheci Bechara quando tinha 12 anos, meu professor de português no Instituto de educação. Me ensinou a escrever e a amar a literatura. Mais de meio século mais tarde estávamos sentados em cadeiras contíguas na ABL. Bechara foi um grande brasileiro, defensor da língua portuguesa, um professor formidável, um homem terno e generoso, um cavalheiro. Não sei se ainda existem vocações como a dele. Foi um privilégio ter convivido com ele."
23/05/2025