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Artigos

  • O rei da cocoroca

    O Globo, em 25/06/2017

    Um dia meu querido amigo João Ubaldo Ribeiro ficou com saudade das pescarias em Itaparica. E perguntou: ‘Como se faz para pescar no Rio?’
     

  • João Ubaldo Ribeiro

    Correio das Artes, em 31/08/2014

    Raros escritores souberam traduzir a fundo a condição polifônica da cultura brasileira como João Ubaldo. Não à margem de uma ideia, mas no corpo sinuoso da palavra, em sua ferida, aroma e textura, ao mesmo tempo física e erudita. 

  • Viva João Ubaldo!

    A Gazeta (ES), em 26/07/2014

    Em pouco tempo, a Academia Brasileira de Letras sofreu três perdas irreparáveis: Luiz Paulo Horta, Ivan Junqueira e João Ubaldo Ribeiro. Notáveis escritores e jornalistas, abriram um enorme desfalque na Casa de Machado de Assis. João Ubaldo nos deixou aos 73 anos de idade, vítima de uma traiçoeira embolia pulmonar. Espírito alegre, primoroso contador de "causos", foi autor de dois livros considerados entre os 100 melhores romances do século passado: "Sargento Getúlio", de 1971, e "Viva o Povo Brasileiro", de 1984.

  • João Ubaldo

    Folha de S. Paulo (RJ), em 20/07/2014

    Antes de mais nada, João Ubaldo Ribeiro, um dos maiores e queridos escritores brasileiros, foi uma excepcional figura humana. Baiano de Itaparica, conheceu e conviveu com Glauber Rocha e Jorge Amado, seu patrono na entrada na Academia Brasileira de Letras, e aconteceu uma coisa mais ou menos rara: amigos fraternos durante toda a vida, João Ubaldo não copiou seu mestre.

  • Maus perdedores

    O Globo, em 13/07/2014

    Quando eu era estudante nos Estados Unidos, numa distante década do século passado, tive um excelente professor de Ciência Política, dr. William Bruce Storm. Ficamos amigos e de vez em quando eu ia a seu escritório no câmpus, onde batíamos papo e ele sempre me ensinava alguma coisa, nem sempre de política. 

  • A elite branca

    O Globo, em 06/07/2014

    Como já deve ter previsto o pugilo de bravos que me lê com assiduidade, de novo as Parcas me fizeram a grande maldade de marcar para anteontem (tempo de vocês, este domingo) o jogo com a Colômbia, mais uma vez impossibilitando que eu leve o resultado em conta. Eu pelo menos podia ter conversado com a Sociedade Interamericana de Imprensa, a fim de ver se ela pressionava a Fifa para corrigir a grave injustiça e mudava a tabela, mas é tarde. 

  • Confusões cronológicas

    O Globo, em 29/06/2014

    Rigorosamente, quando o amável leitor e a encantadora leitora lerem no jornal de hoje que algum fato se dará amanhã, estarão lendo uma mentira, não importa a veracidade da notícia. A mentira se encontra na feitura da matéria, porque o redator a escreve, por exemplo, na quinta, para que ela seja publicada na sexta. Portanto, para ele é quinta, mas, como o jornal sai na sexta, escreve “amanhã”, referindo-se ao sábado. 

  • Programação intensa

    O Globo, em 12/01/2014

    Como de costume, vou deixar em paz o generoso leitor e a amável leitora por quatro domingos, neste começo de ano, a partir de hoje. Se não erro aqui nas minhas contas, devo estar de volta em 16 de fevereiro. Também como de costume, vou passar o tempo que puder na minha terra, com os amigos de infância, que vêm escasseando num ritmo alarmante, o que os torna cada vez mais preciosos. Lá se foi, faz poucos meses, Ary de Almiro, que jogou bola comigo e, quando rapazinho, era discípulo de meu primo Walter Ubaldo, na Escola Filosófica do Sorriso de Desdém. “Mais eloquente que a pena do escritor, mais poderosa que a espada do soldado, a maior arma que o homem tem é o sorriso de desdém” — era o moto da escola e eles saíam pela rua, tacando o sorriso de desdém a torto e a direito.

  • Do diário do coroa

    O Globo, em 29/12/2013

    Querido Diário,

    Acabou o ano, o tempo passa cada vez mais depressa. Hoje vai aparecer ainda mais gente, lá no boteco. Já viraram tradição da casa os cumprimentos de fim de ano, bons desejos, muita paz, muita saúde, essas frescuras automáticas que todo mundo diz da boca para fora e em que ninguém presta atenção. Eu retribuo tudo o que me dizem, mas cada dia me exaspera mais a parte do “você está muito bem”. Só quem ouve essa conversa do “você está muito bem” é velho, ninguém diz isto a um jovem. É um saco, até porque muitos falam estas coisas somente para receber a retribuição e a gente tem de cumprir o ritual. Ôi, tudo bem, mas, cara, o tempo não passa para você, você está muito bem, em grande forma! Não, você é que está ótimo — e fica essa nênia ridícula de lá para cá, um bando de despencados caquéticos querendo engabelar o calendário, para mim é triste.

  • Leitor e amigo

    O Globo, em 22/12/2013

    —Eu vejo você aqui no boteco todo fim de semana, há não sei quantos anos, de forma que acho que posso dizer que hoje somos amigos. Mais do que leitor, eu me sinto seu amigo, sinto que conheço você. Apenas nunca tivemos a chance de conversar.

  • O futuro do futebol

    O Globo, em 15/12/2013

    Itaparica sempre marcou presença no futebol nacional e aí está Obina, que não me deixa mentir. Quando eu era jovem, no distante século passado, cheguei a envergar a gloriosa camisa 2 do São Lourenço, sob a alcunha de Delegado, a mim aposta pelo técnico Hélio Gaguinho em alusão a meu eficaz policiamento da grande área — beque direito de recursos talvez limitados, mas aplicadíssimo. Nessa época, o campeonato da ilha era aguerridamente disputado por diversos times hoje legendários, que protagonizaram epopeias futebolísticas inesquecíveis pelo Recôncavo afora, como por exemplo a que envolveu meu saudoso amigo Vavá Paparrão, na condição de ponta-direita do Esporte Clube Ideal, enfrentando, em contenda decisiva, na casa de um adversário que jogava pelo empate, a por todos respeitada equipe da Associação Atlética São Bartolomeu de Maragogipe. Não estive presente no episódio, mas ouço relatos desde pequeno.

  • Mártires da democracia

    O Globo, em 24/11/2013

    Sabemos todos que a História muda segundo quem a observa. Para os contemporâneos dos fatos, a importância que lhes é dada frequentemente é bem distinta da que terá dentro de poucas décadas. O que era invisível aparece, o que não tinha importância a adquire, o que era básico se torna acessório, quem era tratado como gênio ou esperança nem mais é lembrado. E o anedotário de todos os povos armazena uma fartura de previsões hoje estapafúrdias, vaticínios que se demonstraram asneiras descomunais, afirmações definitivas cuja validade mal chegou a aniversariar. Mas isto não impede que continue irresistível a tentação de dar palpites sobre o chamado veredito da História, é uma espécie de jogo que pode até ser divertido, assim para um domingo ocioso, sem nada melhor para fazer.

  • Vida antenada

    O Globo, em 17/11/2013

    Uma vez uma repórter me entrevistou para uma matéria, que não sei nem se saiu, sobre a esquisitíssima variedade de gente, à qual pertenço, que não tem celular. Acho que ela foi embora sem se conformar. Os meninos do futuro próximo, claro, receberão implantes de chips de celulares e terão seus cérebros conectados ao wi-fi municipal, serviço obrigatório para qualquer prefeitura. Diante desta perspectiva, é normal que, num mundo em que, cada vez mais, as pessoas se tornam apêndices de seus i-phones, tablets, óculos Google e similares, a moça estranhe um maluco que persiste em não ter celular. Pelo menos eu lhe devia fornecer alguma explicação ideológica ou psicológica, tais como pertencer a um aguerrido grupo de budistas ativistas e ter delírio de perseguição ou fobia por qualquer novidade eletrônica.