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Artigos

  • A Paixão segundo Cony

    Jornal de Letras de Lisboa, em 27/07/2022

    Li de uma só vez, com duas pausas, se muitas, da madrugada ao amanhecer, o romance póstumo do inquieto e fascinante Carlos Heitor Cony. Como quem descobre uma carta não enviada, perdida numa gaveta entreaberta, sem destinatário – a todos e ninguém –, consignado, muito embora, o remetente, num jogo de espelhos remissivos. Faltou pouco para escoimar uma e outra parte, cortes e acréscimos, como deixou claro, na última revisão, suspensa em 2005, através de um movimento pendular: frontal e irresoluto, áspero e compassivo. Acenos de utopia e desencanto, estrela e solidão, no céu escuro deste século. Livro que flui para o leitor, na lisa superfície da narrativa, mas que se escreve sob dura condição, áspera e irregular. Legato que repousa na soma de staccati. 

  • Conteúdos inadequados

    Tribuna do Sertão , em 17/02/2020

    Onde estiver, agora, o escritor Carlos Heitor Cony deve estar sorrindo com as trapalhadas cometidas pelo governo de Rondônia, ao mandar recolher 43 livros, a maioria do autor de “O ato e o fato”.  A determinação, depois revogada, incluída obras de Franz Kafka, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar e Rubem Fonseca, entre outros.

  • O Diabo e a Carne

    O Globo, em 07/02/2018

    Não posso dissociar Carlos Heitor Cony de meu antigo professor do Salesianos, em Niterói, José Inaldo Alonso. Foi este quem me levou ao romance “Pilatos, fascinado pelo estranho rumor de suas palavras. 

  • A memória de Cony

    Folha de S. Paulo, em 12/01/2018

    Meu conhecimento e consequente amizade com Carlos Heitor Cony caminhavam para os 50 anos. Foi em 1968 que nos conhecemos, na bucólica residência de Betinha Lins do Rego, filha do escritor José Lins do Rego (1901-1957), que era proprietária de uma linda casa em Teresópolis, na serra fluminense.

  • Uma carta e o Natal

    Folha de São Paulo (RJ), em 31/12/2017

    Este será o primeiro Natal que enfrentaremos, pródigos e lúcidos. Até o ano passado conseguimos manter o mistério —e eu amava o brilho de teus olhos quando, manhã ainda, vinhas cambaleando de sono em busca da árvore que durante a noite brotara embrulhos e coisas. Havia um rito complicado e que começava na véspera, quando eu te mostrava a estrela onde Papai Noel viria, com seu trenó e suas renas, abarrotado de brinquedos e presentes.

  • 'Dum medium silentium'

    Folha de São Paulo (RJ), em 24/12/2017

    É um Natal triste. Podemos enfeitar as avenidas, as ruas, as casas e a nós mesmos. Ainda não saiu o saldo financeiro que beneficiou o comércio. De qualquer maneira, houve ceias, papais Noeis vagabundos andando pelas ruas e provocando o medo nas crianças. No fundo, o Natal transformou-se num produto comercial, embora tenha o mérito de reunir a família, os amigos e até mesmo alguns inimigos.

  • A história torcida

    Folha de São Paulo, em 17/12/2017

    Como se não bastasse a violência que degrada a cidade do Rio de Janeiro, temos agora a vergonha que se instalou nos estádios de futebol, com a briga das torcidas que muitas vezes deixa vítimas irrecuperáveis. Para um ancião como eu, lembro sempre o silêncio dramático da multidão em 1950, na final da Copa do Mundo vencida pelo Uruguai.

  • Deus e Paulo Francis

    Folha de São Paulo(RJ), em 03/12/2017

    Diante dos problemas que afligem o Brasil e aporrinham o seu povo, recebo um e-mail cobrando-me uma solução para um dos grandes (senão o maior) problema: a reforma da Previdência.

  • Uma burrice a mais

    Folha de São Paulo (RJ), em 26/11/2017

    O Brasil atravessa um dos seus piores momentos no campo financeiro e moral. Não entendo de economia, tampouco de moral. Segundo comentava Nelson Rodrigues, a esbórnia das propinas envergonha atá mesmo as cotias do Campo de Santana.

  • A turma era boa

    Folha de São Paulo (RJ), em 19/11/2017

    A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) está nas bocas das matildes. Teve alguns presos e terá outros tantos. Meu primeiro trabalho profissional, no "Jornal do Brasil", como obscuro repórter, foi na então Primeira Câmara de Vereadores, cobrindo todos os atos dos seus integrantes Os prefeitos passavam e nós ficávamos conhecendo os meandros daquela Casa Legislativa, logo após a queda de Getúlio Vargas.

  • Procura-se um homem

    Folha de São Paulo (RJ), em 05/11/2017

    Há 2.000 anos, o filósofo grego Diógenes saiu de casa com uma lanterna na mão. O sol brilhava naquela manhã, todos perguntavam a ele a razão de levar uma lanterna e por que fazia isso. Diógenes respondia: "Procuro um homem". Segundo ele, não havia nenhum homem nas ruas e nos lugares públicos. Diz a lenda que não encontrou nenhum, todos eram incompetentes ou corruptos.

  • Um pouco da verdade

    Folha de São Paulo (RJ), em 15/10/2017

    Quase todos os países do Ocidente católico têm um dia no calendário religioso dedicado à mãe de Jesus, que engravidou sem ter conhecido um homem. "Virgem Maria, rogai por nós!" é uma oração que todos os católicos rezam em determinados dias.

  • A morte da bezerra

    Folha de São Paulo (RJ), em 08/10/2017

    A melhor solução quando um cronista não tem assunto é escrever sobre a morte da bezerra. No entanto, se fosse seguir a regra, eu matava todas as bezerras do mundo. Felizmente tenho bezerras preferenciais. São duas fotos e dois fatos que frequentam minha necessidade de pelo menos matar duas delas.

  • O seu a seus donos

    Folha de São Paulo (RJ), em 01/10/2017

    Durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, acredito que o tenha criticado duas ou três vezes por semana. Cheguei a escrever, com ilustrações de Angeli, editado pela Boitempo, um libelo intitulado "O Presidente que Sabia Javanês".