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Artigos

  • Viva João Ubaldo!

    A Gazeta (ES), em 26/07/2014

    Em pouco tempo, a Academia Brasileira de Letras sofreu três perdas irreparáveis: Luiz Paulo Horta, Ivan Junqueira e João Ubaldo Ribeiro. Notáveis escritores e jornalistas, abriram um enorme desfalque na Casa de Machado de Assis. João Ubaldo nos deixou aos 73 anos de idade, vítima de uma traiçoeira embolia pulmonar. Espírito alegre, primoroso contador de "causos", foi autor de dois livros considerados entre os 100 melhores romances do século passado: "Sargento Getúlio", de 1971, e "Viva o Povo Brasileiro", de 1984.

  • Ivan Junqueira e a poesia moderna

    Jornal do Commercio (RJ), em 11/07/2014

    Poeta, tradutor e crítico, posso  asseverar que Ivan Junqueira, falecido aos 79 anos de idade, fará muita falta à Academia Brasileira de Letras.  Não só pela qualidade da sua produção literária, mas também pela preciosa característica da Casa de Machado de Assis, que é do convívio pleno.

  • José Olympio reinventado

    Jornal do Commercio (RJ), em 11/09/2008

    Não há nada mais pertinente nem oportuno, ou mesmo mais venturoso, do que se atribuir a um grande editor a tarefa de reviver em livro a vida e as atividades de outro grande editor. É isso o que se constata, de forma superlativamente admirável, ao degustar-se José Olympio. O Editor e sua Casa, organizado por José Mario Pereira para a Sextante e que acaba de chegar às livrarias. Trata-se de obra no mínimo monumental não apenas por seu formato majestoso (31 X 24 cm), mas também, e acima de tudo, pelo opulento cardápio que oferece aos leitores: textos extremamente bem cuidados (inclusive os das legendas de fotos), abundante e valiosa iconografia, beneditino trabalho de pesquisa literária e editorial, com reprodução de depoimentos, artigos, cartas, dedicatórias, capas de livros de uma afortunada época que já se foi, fotos e caricaturas inéditas, bibliografia - enfim, um aparato livresco faraônico que configura, como sublinhou em recente artigo o crítico Wilson Martins, uma "obra-prima de arte tipográfica, documentação historiográfica e preciosa iconografia". Com modéstia, José Mario Pereira define-se como organizador do volume, mas caberia aqui evocar o conceito de autoria, tamanha é a sua participação na arquitetura do livro, no qual nunca será demais relevar a circunstância de que estamos diante de uma obra concebida e escrita por um editor que se ocupa amorosamente de outro da mesma família espiritual e que desde sempre lhe serviu de mestre e modelo.

  • Bandeira: 121 anos depois

    Jornal do Brasil (RJ), em 13/12/2006

    No dia 19 de abril de 2007, se completarão 121 anos do nascimento do grande poeta Manuel de Sousa Carneiro Bandeira Filho, ou apenas Manuel Bandeira, aquele "menino doente", que se tornaria depois "o amigo do rei", ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio "rei de Pasárgada". Veio à luz do mundo em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.

  • Vinícius de Moraes: linguagem poética

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 21/12/2005

    Sempre que me toca reler a poesia de Vinicius de Moraes, mais me convenço de que até hoje não lhe fizeram a devida justiça, seja por indigência exegética seja por preconceito literário. É claro que não se pode situá-lo no mesmo nível de Cecília Meireles, Bandeira, Drummond, Jorge de Lima, Dante Milano e João Cabral de Melo Neto, mas é que Vinicius, quer pelo domínio da língua - e das boas tradições da língua - quer pela pujança de sua linguagem poética, cultivou uma vertente lírica dentro da qual são poucos, ou muito poucos, os que dele lograram se aproximar. Há nos versos do autor uma tragicidade tão intensa e dolorosa que nem o humour nem a participação social de seus últimos poemas serão capazes de apagar.

  • Bandeira, o rei de Pasárgada

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 12/10/2005

    Faz quase 120 anos que, no dia 19 de abril de 1886, nasceu Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, ou simplesmente Manuel Bandeira, aquele ''menino doente'', que se tornaria depois o ''amigo do rei'' ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio ''rei de Pasárgada''. Nasceu em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.

  • Latinidade

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 14/08/2005

    A Academia Francesa homenageou a sua co-irmã brasileira, a Academia Brasileira de Letras, com uma sessão solene, em sua belíssima sede, "sous la coupole". Quinze imortais brasileiros e outros tantos franceses, sob a liderança da secretária perpétua Hélène Carrère D´Encause, discursaram num revezamento na qualidade das análises feitas. Predominou o relacionamento cultural de Brasil e França. O poeta Ivan Junqueira, presidente da ABL, falou sobre o percurso literário de autores franceses. Jean D´ Ormesson lembrou os anos vividos no Rio de Janeiro. Foi um simpático momento de descontração. Maurice Druon, autor do clássico "O menino do dedo verde", discorreu sobre o prazer com que nos visitou algumas vezes. Numa delas, em 1998, lançou as sementes do Prêmio da Latinidade e da Academia da Latinidade, tendo a delicadeza de salientar a nossa participação favorável às iniciativas, quando na presidência da ABL.

  • Nossa cabeça francesa

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 08/07/2005

    Os mais recentes encontros do ano França-Brasil concentraram-se na troca da experiência das nossas cabeças: tanto a da universidade, como a literária. É o que proporcionou, de início, a presença na Academia Francesa, de dezesseis membros da ABL, respondendo a um intercâmbio começado pela vinda ao Rio de Janeiro, no Centenário da Casa de Machado de Assis, dos Secretários Perpétuos, Maurice Druon e Hél×ne Carr×re d"Encausse, bem como de Marc Fumaroli e Hector Bianchotti. "Sous la coupole" agora os donos da casa foram saudados por Ivan Junqueira e José Sarney. Relembraram-se as vinhetas dos primórdios da nossa colonização, pelos sucessivos empenhos, finalmente abortados, da França Antártica, na Baía de Guanabara, e da Equinoxial, quando Lavardi×re imprimiu à capital do Maranhão o nome de São Luís, o Rei nos altares.

  • O segredo irredutível da poesia

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 02/02/2005

    Na poesia de Manuel Bandeira, como na de qualquer poeta cuja obra comporte momentos de transição entre um e outro estágio instrumental, o recurso da dissolução rítmica encontra-se intimamente relacionado à técnica do verso livre, ou seja, à ''libertinagem'' (Advirta-se que esse conceito de dissolução rítmica não corresponde, como o pretende Adolfo Casais Monteiro em seu longo estudo sobre Manuel Bandeira, à supressão do ritmo, o que, em outras palavras, equivaleria, conforme didaticamente observa Emanuel de Moraes, à aceitação de ''sua tese da poesia sem ritmo nenhum, mais do que dissoluta, portanto''. O que se deve entender aqui por ''dissolução rítmica'' refere-se apenas à modulação do ritmo mediante uma ruptura dos esquemas métricos tradicionais). Ao analisar esses processos de fratura em O ritmo dissoluto, o próprio Bandeira o define como ''um livro de transição entre dois momentos'' de sua poesia, acrescentando ainda haver sido através dele que alcançou a ''completa liberdade de movimentos, liberdade de que cheguei a abusar no livro seguinte, a que por isso mesmo chamei libertinagem, torna-se assim muito claro em que sentido se deve interpretar essa ''libertinagem'', ou seja, enquanto lúcida e lírica licenciosidade poética. Em suma: ''libertinagem de temas, de matéria. Total liberdade. A liberdade que é a primeira condição para a libertinagem''.

  • Poesia: Genealogia do Simbolismo

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/12/2004

    O que é um símbolo? Como, por que e a partir de quando o homem começou a se valer dos símbolos para expressar-se no âmbito do sistema da língua? Estas são questões cruciais quando abordamos o simbolismo literário, que, na verdade, é tão antigo quanto a própria origem da linguagem. Do grego symbolon, que significa também ''marca, signo ou contra-senha'', o símbolo é, em sentido lato, um objeto natural, como o peixe, que simboliza Cristo, ou a coruja, que representa a filosofia.

  • Refinadas bijuterias

    Dois livros -"Olavo Bilac" e "Um Século de Poesia" (antologia poética de Augusto Frederico Schmidt) - nos dão conta de que, muitas vezes, é preferível revisitar as jóias do passado do que garimpar as medíocres bijuterias que nos oferece a modernidade tardia.