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Artigos

  • A Língua e o Folclore

    Um leitor nos pergunta se é válida a explicação da origem da nossa palavra 'forró' pelo inglês 'for all' para designar um tipo de baile popular. Essa etimologia deve ser rejeitada, graças ao estudo da história do nosso vocabulário.

  • O hífen nas formas reduzidas

    Um colega, leitor desta coluna, nos enviou a seguinte pergunta: "Em conformidade com a lição expressa na Base XV do novo Acordo, pela qual se usará o hífen nos casos em que o primeiro elemento do composto (um substantivo ou adjetivo) pode apresentar-se sob forma reduzida como 'és-sueste' [por 'este-sueste']; 'bel-prazer' [por 'belo-prazer'], o mesmo princípio não se estenderia às formas não hifenadas registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) 'fotorreportagem' ['foto' por 'fotografia'], 'autoestrada' ['auto'por'automóvel'], 'cineteatro' ['cine' por 'cinema']?" Se vale a comparação, por que estas últimas não se grafarão com hífen?

  • Vogais e questões de pronúncia

    Estudiosa e competente professora do nosso idioma, antiga aluna de Joaquim Mattoso Câmara, que marcou lugar definitivo como o primeiro e magistral linguista de língua portuguesa, estranhou que classificássemos como ditongos, e não como hiatos, os encontros vocalicos das palavras 'dieta', 'miolos', 'miudeza', 'suéter', 'sueco', 'dual'.

  • Fontes da reforma ortográfica

    Temos recebido de vários leitores uma pergunta muito oportuna neste período em que se intensificam entre portugueses críticas ao novo Acordo Ortográfico: por que os portugueses rejeitam tão veementemente aquilo que seu representante legal se comprometeu a adotar?

  • Quando a teoria ajuda a prática

    Todo texto de caráter científico ou que trate de matéria das ciências utiliza palavras e expressões pertencentes às respectivas nomenclaturas ou terminologias, cujos conceitos devem ser conhecidos por aqueles que desejam ler e compreender o que dizem tais textos técnicos. Por esta razão, quando indagada a quem competia elaborar uma reforma ortográfica, a notável filóloga Carolina Michaëlis de Vasconcelos respondeu: "Evidentemente aos profissionais que se ocupam cientificamente de línguas, sobretudo(...) do idioma pátrio, quer pertençam  à Academia, quer não."

  • Os femininos de 'ladrão'

    O Nosso assíduo e competente leitor Patrick estranhou o tratamento desigual na indicação dos femininos de 'ladrão' no Volp ('ladra', 'ladroa' e 'ladrona') e na mais recente 3ª edição do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, PVolp, ('ladrona' e 'ladroa'), ambos da ABL. Ele nos pergunta se 'ladra' não é feminino de 'ladrão', embora 'ladra' constitua verbete à parte neste último, "ou se daqui para frente só se deve utilizar aquelas formas" (isto é, 'ladrona' e 'ladroa'). A pergunta do amigo nos leva mais uma vez a tocar numa questão importante na correta leitura de texto técnico; referimo-nos à teoria, cujo conhecimento, ainda que rudimentar, deve ter o leitor de textos técnicos. Como o dicionário está redigido com o emprego de terminologia linguística, quem o consulta deve estar a par de informações do tipo: s.m. (substantivo masculino); s.2g. (substantivo de dois gêneros), v.trans.dir. (verbo transitivo direto), etc. Com o aperfeiçoamento mais recente da metalexicografia, este tipo de obra se vai beneficiando de mais científica e rigorosa elaboração de indicações linguísticas dos verbetes. 

  • Hífen com 'sub' e outros casos

    Um leitor contestou a decisão do Volp, da ABL, de grafar, por exemplo,‘sub-rogar’, contrariando a lição do texto oficial do Acordo de 1990 que, na Base XVI, 1º, a), manda que nos compostos com o prefixo ‘sub-’ se usará o hífen quando o 2º elemento começar por ‘h-‘, exemplificando com 'sub-hepático'. Desta forma, para o nosso leitor, o Volp teria de registrar ‘subrogar’, e não‘sub-rogar’. E alicerçando seu parecer, reforça a tese como exemplo do inglês ‘subrogate’, o espanhol ‘subrogar’, o francês ‘subroger’, o latim ‘subrogare’.

  • Entrelinhas

    Ao final da conferência sobre Érico Veríssimo, para alunos da rede municipal de ensino, o filólogo e Acadêmico Evanildo Bechara foi demoradamente aplaudido. O ato fazia parte da bem-sucedida Maratona Escolar promovida pela Secretaria Municipal de Educação, com o apoio da Academia Brasileira de Letras. Há diversas razões para a reação entusiástica da plateia. Uma delas certamente é o prestígio de Bechara, no cultivo da língua portuguesa. Outra é a forma da sua apresentação aos jovens. Pegou um trecho do romance Clarissa, em que Érico Veríssimo homenageou sua filha, colocou na tela e fez uma cuidadosa análise do significado do estilo desse autor e de tudo o que estava nas entrelinhas do seu texto. Aí é que residiu o fator principal do sucesso da conferência.

  • Acordo por dentro e por fora (I)

    Vimos falando com nossos interessados leitores, conversando e discutindo sobre o texto do novo Acordo Ortográfico, suas normas, seus silêncios (como no caso do prefixo 'sub'-), de modo que cremos ter chegado o momento de ver este documento mais de perto, penetrar na sua história e esboçar-lhe o provável futuro vitorioso, se seus usuários decidirem levá-lo a bom termo, em benefício da Língua como patrimônio político e  cultural de tantas nações.

  • Acordo por dentro e por fora(II)

    Pelo que vimos no artigo anterior, o Acordo Ortográfico de 1990, já em plena atividade no Brasil e em boa parte da imprensa portuguesa, é um produto muito intimamente ligado ao Acordo de 1945, vigente na tradição ortográfica lusitano-africana, e que tem, por sua vez, fortes ligações com a reforma que Portugal implantou em 1911, considerada pelos especialistas do ramo a mais acreditada proposta ortográfica até hoje vinda à luz.

  • O Acordo por dentro e por fora (III)

    Para o trabalho de implantação do Acordo de 1990 na 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) de 2009, a equipe técnica da ABL que assessora a Comissão de Lexicologia e Lexicografia teve de levar em conta, além do texto oficial, como seria esperado, a tradição ortográfica que se vinha fixando desde a reforma de 1911 e dos sucessivos Acordos Acadêmicos a partir de 1931, conforme historiamos nos dois primeiros artigos desta série.

  • Acordo por dentro e por fora (IV)

    O elemento co- teve uma vida acidentada de 1911 a 1945 nos respectivos formulários ortográficos. Gonçalves Viana preparou, para exemplificar a reforma de 1911, o ‘Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa’, saído em 1912, e nas edições em vida (falecido em 1914), além das subsequentes até onde pudemos consultar, só registra ‘coabitar’ (e derivados), ‘coerdar’, ‘coerdeiro’.      

  • Acordo por dentro e por fora (V)

    Da mais recente tentativa de negociação para aproximar os dois sistemas ortográficos vigentes no Brasil e em Portugal resultaram duas propostas, uma em 1986, no Rio, e outra em 1990, em Lisboa. A primeira caracterizava-se por alterações mais avançadas, em que o negociador brasileiro, o acadêmico Antônio Houaiss, trazia à mesa algumas antigas posições simplificadoras do seu mestre Antenor Nascentes. O texto daí resultante mereceu críticas severas, sobretudo de Portugal, porque, fundamentalmente, se desviara do propósito motivador da reunião que, como sabemos, seria diminuir as diferenças. Na segunda reunião, em Lisboa, com o linguista João Malaca Casteleiro como o principal negociador da equipe portuguesa, prevaleceu, como vimos aqui, franca aproximação com as Bases do Acordo de 1945. Compreende a inteligência e a sensibilidade diplomática de Antônio Houaiss que assim o texto daí resultante poderia alcançar maior receptividade entre os países signatários, Portugal à frente, de modo que, enfim, a língua portuguesa lograsse atingir, neste aspecto, à maturidade cultural e política como veículo de difusão internacional. Nesta aproximação com o texto de 1946, nós brasileiros passaríamos a adotar pequenas alterações de acentuação tônica (não mais usaríamos acento agudo nos paroxítonos com os ditongos abertos éi e ói: ideia, jiboia; bem como não marcaríamos o "i" e "u" tônicos depois de ditongo decrescente: maoista, cauila, feiura, baiuca); passaríamos definitivamente a escrever com 'i' e não com 'e', o sufixo -iano e -iense: acriano (e não acreano), de Acre, camoniano (de Camões); usaríamos -io e -ia (e não -eo e -ea) átonos em formas variantes de substantivos terminados em vogal, como réstia(e não restea), hástia (e não hástea); aliviaríamos o circunflexo de "voo", "enjoo", e "veem" "leem"; reduziríamos os acentos diferenciais obrigatórios a "pôde" e "pôr"; aboliríamos o trema sobre o'u' proferido dos grupos de gue, gui, que, qui:tranquilo, quinquênio. Todos estes novos hábitos gráficos já eram correntes no sistema português-africano de 1945. 

  • O novo acordo por dentro e por fora (conclusão)

    A coluna de hoje fecha a série de artigos sobre o novo Acordo Ortográfico, tema sempre recorrente em debates sobre a língua. Quanto ao emprego de letra inicial minúscula e maiúscula, o novo Acordo simplificou tanto em relação aos usos vigentes no sistema luso-africano, quanto no brasileiro.