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Artigos

  • Esse Deus brasileiro

    O Globo, em 21/02/2015

    Semana de cinzas, início de quaresma. Para antigos preceitos religiosos, época de recolhimento e reflexão. Um bom momento para lembrar algo que sempre se prefere ignorar. Não devia ser novidade, mas, que jeito? Melhor dizer de chofre. Desculpem se machuca. Mas o fato é que algum dia vamos ter de encarar. Usar a razão para admitir a realidade e aceitar o fato de que Deus não é brasileiro. Ou é de todos ou de ninguém. Sem preferências ou nepotismo.

  • Quem calcula esse balanço?

    O Globo, em 07/02/2015

    Início de mês e de ano. O cidadão é daqueles que procuram estar sempre em dia com suas obrigações. Organizadíssimo. Mas em poucos dias vive três situações exemplares.

  • De melindre em melindre

    O Globo, em 24/01/2015

    Era de se esperar, ainda que difícil de entender. Mas já tínhamos visto isso antes. Poucos dias depois do Onze de Setembro, todos ainda chocados com a morte de milhares de inocentes, algumas reportagens mostraram que alunos de escolas cariocas reagiram comentando algo como: “Bem feito! Pra ver se eles aprendem...” Agora não foi preciso esperar alguns dias. Poucas horas depois do atentado ao “Charlie Hebdo", as redes sociais já estavam cheias de comentários do tipo “A França colhe o que plantou.”

  • Por uma oposição limpa

    O Globo, em 15/11/2014

    Numa democracia, as eleições não escolhem só quem vai governar. Mas também determinam quem não foi escolhido e, portanto, vai fazer oposição. É parte essencial do regime.

  • Bandeira branca, bandeiras verdes

    O Globo, em 01/11/2014

    Na ressaca da eleição que dividiu o país, vitoriosos e derrotados se preparam para seguir adiante. Os mais sensatos buscam diminuir as sequelas da campanha carregada de ataques que geraram contra-ataques. Lembram o respeito a quem venceu, com 54,5 milhões de votos. E também que, descontadas as abstenções, houve 58,2 milhões de eleitores (de Aécio, nulos e brancos), que tiveram todas as chances para isso mas se recusaram terminantemente a votar na ganhadora. E nem assim se dispõem a desistir do Brasil.

  • Votos e ex-votos

    O Globo, em 04/10/2014

    Às vésperas do Natal, costumamos fazer votos de Boas Festas e Feliz Ano Novo, mutuamente nos desejando coisas agradáveis. Ao visitar um amigo doente, apresentamos votos de pronto restabelecimento. Voto é a manifestação de um desejo. Um dia antes das eleições, faço meus votos de que muitos votem. Em outras palavras: desejo que muitos desejem. Mais ainda: que acreditem em seus desejos o suficiente para tentar contribuir, ao menos um pouquinho, para que se realizem — entrando na fila da seção eleitoral, digitando os algarismos correspondentes aos candidatos escolhidos e confirmando com um aperto de botão.

  • Jabuticaba no Senado

    O Globo, em 20/09/2014

    Não faz muito tempo, você comprou uma torradeira e, em casa, não conseguiu ligá-la. A legislação agora exige três pitocos nos plugues dos novos aparelhos, que não servem mais nos dois buracos da tomada de sempre. Foi preciso comprar um adaptador. Uma chatice, mas mais seguro. Progresso tecnológico. É para o bem de todos, o governo sabe o que faz. Mesmo quando o novo padrão é tão original quanto jabuticaba, que só tem no Brasil. Não serve para qualquer aparelho importado que por acaso você tivesse. E tome adaptador. Você acabou chamando um eletricista e trocando todas as tomadas da parede. Ufa!

  • Genocídio e evidência

    Correio Braziliense (Brasilia), em 23/06/2006

    Na semana passada, participei em Jerusalém de um seminário internacional sobre imigração e cultura. Tema importante, do ponto de vista literário, sobretudo em um país como o Brasil que é um verdadeiro melting pot, uma mistura de etnias, de religiões, de tradições. Não é de admirar que os imigrantes tenham papel destacado nas obras de nossos escritores: os alemães em Graça Aranha, em Vianna Moog e em Josué Guimarães, os espanhóis em Nélida Piñon, os italianos em José Clemente Pozenato, os portugueses em Ana Maria Machado, os libaneses em Milton Hatoum, para ficar só com alguns exemplos. 

  • Personagens universais

    O Globo - Prosa e Verso - (Rio de Janeiro), em 11/03/2006

    Por exemplo: os nomes dos personagens. Podia ser qualquer outro aspecto, porém. Cada um dos fios que se entretecem para formar a prosa densa e irresistível de Guimarães Rosa. No final dos anos 60, tendo resolvido que ia focalizar no doutorado esse autor (em cuja obra não existe nada que não seja, antes de mais nada, linguagem), restava-me escolher uma linha de manifestação de sua exacerbadíssima consciência linguística. 

  • Reconsidere, Ministro!

    O Globo (Rio de Janeiro), em 18/10/2004

    Meu caro Gilberto Gil, você agora está ministro e vai bem. Traz uma imagem forte a uma pasta com poucos recursos. Mas foi outro Gil, o excelente músico e letrista instigante, que sempre fez parte da minha vida. É a seus versos que recorro para sair do recolhimento que busco, neste tempo de holofotes, realces e quanto mais purpurina, melhor. É mesmo sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar.

  • A singularidade de ser plural

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 13/10/2004

    Numa sociedade desigual como a nossa, as chamadas ações afirmativas podem ser fundamentais para garantir oportunidade para quem sempre ficou de fora. É claro, porém, que num sistema em que há o vestibular, a simples importação de uma política de cotas gera distorções sérias e precisa ser discutida. Já está sendo e não é isso o que vou fazer aqui. 

  • Uma história carioca

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 07/07/2004

    Há alguns anos, fui procurada por um leitor adolescente com nome de arcanjo. Dizendo-se apaixonado por um de meus livros, Gabriel me anunciava que um dia queria ser cineasta e, quando esse dia chegasse, pretendia transformar em filme aquela história que o impressionava. Tinha medo de que alguém o fizesse antes e me pedia para lhe deixar reservado esse direito. Como garantia, me enviava um projeto de roteiro. Surpresa: era bem feito. Não apenas revelava uma leitura atenta e inteligente do meu texto, mas uma sensibilidade capaz de criar a partir de onde eu parei. Concordei com a proposta e guardei a vaga para ele - mesmo quando, depois, fui abordada por outro candidato com um currículo mais experiente.

  • O mito do sísifo

    Impossível não ser marcada por um livro, lido aos 20 anos, que começa assim: "O único problema filosófico realmente sério é o do suicídio. Decidir se a vida vale ou não vale a pena de ser vivida".

  • Sessão Solene de Recepção à Acadêmica Ana Maria Machado

    Vossa presença entre nós, hoje, é o consectário natural e mesmo obrigatório de um percurso pleno de afirmação literária da mais alta qualidade que, de há muito, transpôs nossas fronteiras. Esta é a vossa casa, que sempre amastes como se evidenciou em vosso discurso na festa de aniversário da  ABL, quando, neste mesmo salão nobre, recebestes há dois anos o prêmio maior desta Academia, o prêmio Machado de Assis.