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Terror contra o terror pode ser inútil

 

Antes isso que nada. Acompanho patrioticamente as medidas que garantirão a segurança da Olimpíada. Não sou perito no assunto, mas tenho algumas dúvidas. Milhões de homens e de armas nem sempre impedem o terror. O furo foi sempre mais em cima ou mais em baixo.

Erostrato botou fogo no templo de Artemis e agiu sozinho porque queria o nome na história. Em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, o estudante Gavrilo Princip, nascido na Bósnia, durante um desfile militar, matou com um único tiro o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando. Um atentado local, por motivos locais, deu início à Primeira Guerra Mundial, até então a mais terrível e sangrenta da história.

Caso mais recente e que continua pouco explicado foi o assassinato de John F. Kennedy. Oficialmente, foi um único atirador (Lee Oswald) que estraçalhou, a distância, a cabeça do presidente dos Estados Unidos. Muitas teses e hipóteses continuam sendo feitas para explicar como um único homem poderia cometer um atentado que abalou o mundo. Falaram na máfia, em Cuba, no comunismo internacional e até mesmo num caso de amor com Marilyn Monroe. Mas a versão de um único assassino até hoje prevalece.

Poderia citar muitos outros casos em que o indivíduo, isoladamente, por motivos os mais variados (religiosos, ideológicos ou pessoais), pratica o terror de forma radical, apesar dos esquemas preparados tecnicamente para impedi-lo.

Com isso, não estou insinuando que um país ou um regime desprezem as regras, sofisticadas ou não, que podem e devem ser cada vez mais eficientes. E sempre há um erro grosseiro para neutralizar qualquer ato contra o terror. No caso do World Trade Center, os próprios órgãos de segurança (CIA e FBI) foram avisados da iminência do maior ato terrorista da história. 

Folha de São Paulo (RJ), 24/07/2016